Toma lá dá cá escandaloso
Planalto mostra descaso com a gestão federal ao ampliar nomeações políticas, condenam tucanos
Após apoiar o governo na aprovação do salário mínimo de R$ 545, os peemedebistas querem sua recompensa. A legenda quer emplacar políticos, muitos deles derrotados nas urnas, em cargos estratégicos na estrutura governamental. Para os deputados César Colnago (ES) e Ricardo Tripoli (SP), a ampliação das indicações políticas acabará prejudicando ainda mais a gestão de ações essenciais para melhorar a qualidade de vida da população. A cobiça do principal partido da base aliada está concentrada nas diretorias dos bancos estatais, de empresas públicas do setor elétrico e na manutenção do controle político na Fundação Nacional de Saúde (Funasa).
“Se faz a troca política da pior espécie, independentemente da competência, do compromisso, da capacitação e da experiência para o cargo. Infelizmente isso traz muito prejuízo ao Brasil”, apontou César Colnago. “Infelizmente, o governo do PT, que tanto criticou essas nomeações em algumas situações no passado, tem feito isso de forma escandalosa. É por isso que muitas vezes há problemas em rodovias federais e em algumas áreas justamente porque pessoas que não são aptas administram esse setores”, reprovou.
Segundo reportagem do jornal “Valor Econômico”, a primeira leva de nomeações será feita nos bancos públicos, com a confirmação do ex-ministro da Integração Nacional Geddel Vieira Lima na vice-presidência de crédito para pessoa jurídica da Caixa Econômica Federal, do ex-governador da Paraíba José Maranhão para vice-presidente de fundos de governo e loterias também na Caixa e do ex-governador do Paraná Orlando Pessuti como diretor de agronegócios do Banco do Brasil. A confirmação de políticos indicados para diretorias do banco deve sair antes da votação do projeto que reajusta o piso salarial pelo Senado, prevista para a próxima quarta-feira (23).
Ricardo Tripoli ressaltou que esse é um modelo de gestão equivocado. “Isso acontecia na época da ditadura, na qual se mantinha um deputado sobre pressão para entregar alguns ministérios em troca de votação. Essa não é a melhor maneira de fazer a interação entre Legislativo e Executivo”, ressaltou.
Outros nomes do PMDB também devem ser confirmados posteriormente, como o ex-deputado Rocha Loures para uma das diretorias de Itaipu e o ex-governador de Goiás Iris Rezende na Superintendência de Desenvolvimento do Centro Oeste (Sudeco). O PMDB já possui seis ministérios no governo Dilma, mesmo número que tinha no fim do governo Lula. O partido ocupa a Agricultura, Minas e Energia, Defesa, Previdência Social, Turismo e Assuntos Estratégicos.
Administração do PMDB na Funasa gerou desvios de R$ 500 milhões
→ Segundo reportagem da “Folha de S. Paulo”, a Controladoria Geral da União (CGU) encontrou desvios de R$ 500 milhões na Fundação Nacional da Saúde (Funasa), órgão ligado ao Ministério da Saúde e chefiado pelo PMDB desde 2005. Auditorias concluídas nos últimos quatro anos pela CGU revelam que o dinheiro teria sumido entre convênios irregulares, contratações viciadas e repasses a estados e prefeituras sem a prestação de contas exigida por lei. Deste total, a controladoria solicitou a devolução de R$ 488,5 milhões aos cofres da autarquia entre 2007 e 2010.
(Reportagem: Letícia Bogéa/Fotos: Paula Sholl e Eduardo Lacerda/Áudio: Elyvio Blower)
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