Aumento ilusório
Valor do mínimo imposto pelo Planalto traz perda do poder aquisitivo do trabalhador, critica líder do PSDB
Ao impor a sua base aliada um reajuste do mínimo para R$ 545, o governo petista de Dilma Rousseff impõe uma perda do poder aquisitivo do trabalhador e interrompe uma série histórica de 16 anos de crescimento real do piso salarial. O alerta foi feito da tribuna pelo líder do PSDB na Câmara, deputado Duarte Nogueira (SP), em discurso na noite desta quarta-feira (16). “A presidente está impondo aos deputados da sua base, com muito constrangimento, a imposição de votar um ‘desaumento’, uma regressão, uma perda do poder aquisitivo dos 47 milhões de brasileiros que ganham o piso salarial”, reprovou o tucano, ao classificar de “profunda derrota da sociedade” eventual confirmação dos R$ 545.
O líder lembrou que a proposta inicial do Planalto era aumentar o valor para R$ 538, que passou para R$ 540 na Lei Orçamentária. Com este último patamar, haveria uma redução real de 0,5%. Com R$ 545, o percentual seria de expansão de pífios 0,3%. “Esse aumento vai ser negativo, porque a inflação já comeu esses 0,3%. Deputados da base aliada deveriam saber que muitas das famílias que ganham salário mínimo direcionam os seus ganhos para gêneros de primeira necessidade: vestuário, alimento, remédio, coisas do dia-a-dia”, afirmou.
Duarte Nogueira explicou que desde o Plano Real houve sucessivos aumentos reais do piso. Nos oito anos de FHC, o incremento foi de 44,7% em termos reais, apesar de sucessivas crises lá fora. Nos oito anos de Lula, esse aumento, mesmo com o bom cenário internacional, chegou a 53,7%. Agora, com a intransigência da gestão Dilma, essa sequência está por um fio.
O deputado também chamou a atenção para as dificuldades vividas por quem ganha o salário mínimo. “O salário, às vezes, acaba antes. O governo poderia fazer a economia que propusemos ontem aqui, de apenas 10% nas despesas não obrigatórias. Com isso, economizaria R$ 11,5 bilhões, sem nenhum prejuízo aos investimentos, sem nenhum comprometimento aos programas sociais”, reforçou. E mais: o governo conta com outros R$ 20 bilhões de receita previdenciária não destacadas no Orçamento. “Este valor poderia ser utilizado para pegar apenas R$ 14 bilhões, suficientes para pagar o mínimo de R$ 600 de março a dezembro. Aí sim estaríamos falando de justiça social e de ganho real, e não de desaumento, como quero repetir”, completou Duarte.
De acordo com o líder, a proposta tucana é responsável e aponta os caminhos para o reajuste. Por outro lado, o deputado afirmou que o governo não sabe fazer economia e nem gastar, de forma eficienteme, o dinheiro do contribuinte. Em apenas uma medida provisória, o governo petista cria 482 cargos para mais uma estrutura governamental – a Autoridade Pública Olímpica – com salários que variam de R$ 18 mil a R$ 22 mil.
Coerência e responsabilidade no PSDB; Gastança e desequilíbrio no PT
“Nós vamos defender, sim, a emenda de R$ 600 porque a julgamos coerente com a história e com o que pregamos na campanha eleitoral e mostramos como fazer sem desequilíbrio fiscal. Desequilíbrio fiscal é ter criado 11 ministérios – tinhamos 26, hoje, tem 37. Desequilíbrio fiscal foi o Governo Lula ter criado mais de cinco mil cargos comissionados e ter aumentado as despesas em R$ 282 bilhões para garantir a vitória eleitoral.”
Deputado Duarte Nogueira (SP), líder do PSDB na Câmara
0,37%
É percentual do “reajuste” do mínimo desejado pelo Palácio do Planalto, se considerada a variação do IPCA no ano passado. Com os R$ 600 propostos pelo PSDB, o acréscimo real atingiria 10,6%.
(Reportagem: Marcos Côrtes/ Foto: Ag. Câmara)
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