Investigação começa
Depoimento dos irmãos Batista pode esclarecer relação suspeita entre a JBS e o BNDES
O depoimento dos irmãos Wesley e Joesley Batista é considerado essencial para os trabalhos da comissão parlamentar mista de inquérito (CPMI) criada nesta terça-feira (5). O colegiado vai apurar supostas irregularidades envolvendo as empresas JBS e a holding J&F em operações realizadas com o BNDES entre os anos de 2007 a 2016, ou seja, ao longo dos governos do PT. Também serão investigados os procedimentos envolvendo o controverso acordo de delação premiada celebrada com o Ministério Público Federal.
Integrantes da CPMI, os deputados Miguel Haddad (SP) e Rocha (AC) consideram ser um bom momento para ouvir a dupla de irmãos. Miguel Haddad, que foi vice-presidente em outra CPI, a que investigava as operações do BNDES, disse que nesse período não foi possível convocar os irmãos Batista. “Esses requerimentos nunca foram aprovados, em função dos votos contrários das bancadas do PT, PCdoB e PMDB”, acusou.
Pelas redes sociais (assista abaixo), o deputado paulista fez um apelo para que a população se manifeste em apoio à convocação dos delatores. “Eles podem falar efetivamente o que ocorreu”, reiterou.
Já o deputado Rocha cobra uma boa explicação sobre o acordo de delação premiada. “Diante do que aconteceu nos últimos dois dias, o Ministério Público Federal e o próprio Judiciário estão sob suspeição, inclusive as delações envolvendo a JBS”, disse nesta quarta-feira (6).
As dúvidas a que o parlamentar acreano se refere surgiram a partir das declarações do procurador-geral da República, Rodrigo Janot, sobre os novos áudios da delação do empresário Joesley Batista. Na segunda-feira (4/9), Janot anunciou que colocara sob suspeição as delações de Joesley Batista e de seus executivos na JBS Ricardo Saud e Francisco de Assis e Silva.
Devido ao conteúdo da gravação, o procurador determinou investigações sobre os executivos da JBS. A decisão teve como base o conteúdo revelado em quatro horas de gravação entre Joesley e auxiliares, entregues à PGR.
A conversa envolve o ex-procurador Marcelo Miller, que saiu da PGR para atuar como advogado no escritório que assessorou Joesley, e executivos nas delações premiadas. Até agora, se percebe que é provável que o ainda procurador Miller tenha ajudado os delatores às escondidas, e estes omitiram fatos. Para Rocha, o importante é que tudo se esclareça.
“Que possamos colocar isso em pratos limpos para que a sociedade realmente veja quem realmente deve e contra quem foram forjadas provas”, reiterou.
Os membros da CPMI vão se reunir duas vezes por semana e terão 120 dias de prazo para apresentar o relatório final. Os deputados João Gualberto (BA) e Izalci (DF) também integram a comissão, presidida pelo senador Ataídes Oliveira (PSDB-TO). A próxima reunião está marcada para o próxima dia 12, às 14h30.
(Reportagem: Ana Maria Mejia/fotos: Alexssandro Loyola)
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