Novo Ensino Médio
Investimento em qualificação profissional de jovens é defendido por tucanos em audiência
Parlamentares do PSDB consideram positiva a perspectiva de se investir mais na formação profissional de nível técnico – um ponto essencial dentro da reforma do ensino médio. Os deputados Giuseppe Vecci (GO) e Izalci (DF) participaram, na manhã desta quinta-feira (31), de audiência pública na Comissão de Educação da Câmara. O objetivo da reunião, feita a pedido do parlamentar goiano, foi debater os impactos dessa mudança sobre o sistema de ensino e o mercado de trabalho.
“Nosso país felizmente acordou para a questão da qualificação profissional, que vai permitir aos jovens entrar no mercado de trabalho já com uma sólida formação”, disse Vecci. Conforme destacou, durante a reunião houve ampla participação de alunos de diferentes partes do Brasil, “todos preocupados com o futuro profissional”. O Plenário 10 do corredor das comissões ficou lotado. Além disso, os internautas puderam enviar perguntas por meio do sistema E-democracia.
Hoje, o Brasil tem apenas 8% dos estudantes cursando ensino técnico, a maioria pelo sistema S (Sesi, Sesc, Senai), escolas técnicas federais e algumas da iniciativa privada. Ou seja, a esmagadora maioria não tem formação específica para o mercado de trabalho.
A expectativa do deputado goiano é que o Brasil, de forma gradativa, possa ter condições de oferecer qualificação, capacitação e habilidade técnica para que o país possa ter um nível de empregabilidade maior. Em termos comparativos, os países que investiram em educação técnica, a exemplo da Alemanha e Áustria, que tem respectivamente 50% e 70% dos jovens fazendo ensino técnico, têm menos jovens fora do mercado de trabalho. Aqui o desemprego atinge fortemente os mais jovens.
O deputado Izalci diz que a situação brasileira é preocupante: só no Distrito Federal há um contingente de 150 mil jovens entre 18 e 24 anos que não trabalham, nem estudam. “O desafio é de trazer esse público e preparar para o futuro profissional”, disse. O tucano questiona a situação dos municípios menores. “Muitos só têm uma escola de ensino médio. Como adequar esses currículos”?, indagou.
Uma das propostas é aproveitar a boa estrutura dos Institutos Federais e transformá-los em centros tecnológicos. “Essa juventude não pode mais esperar. Por isso, vamos desenvolver um trabalho efetivo de profissionalização das pessoas”, afirmou.
DEFINIÇÃO DOS NOVOS FORMATOS
Uma das convidadas, a secretária Nacional de Educação Profissional e Tecnológica do Ministério de Educação, Eline Neves Braga Nascimento, disse que a reunião aconteceu numa boa hora, pois as mudanças ainda não estão completas. A meta é definir os novos formatos até dezembro. Ela explica que uma das alternativas para o ensino técnico é a formação de parcerias, convênios e acordos de cooperação com instituições ofertantes do ensino técnico.
Ao responder à pergunta do estudante Marcos Vinicius Belotti sobre estabilidade e mercado de trabalho, o diretor de educação e tecnologia da Confederação Nacional da Indústria (CNI), diretor geral do Senai e superintendente do Sesi, Rafael Lucchesi, disse que 90% dos brasileiros acreditam que a educação técnica é importante para o mercado de trabalho. “Essa reforma é modernizadora, com sentido de inclusão social e diálogo com o desenvolvimento econômico e social para o Brasil”, defendeu.
Lucchesi reitera a importância de se conquistar esse tipo de formação, especialmente porque cria uma certa estabilidade e o estudante pode progredir fazendo novos cursos, seja de graduação ou de formação tecnológica. Também participaram da audiência o representante do Conselho Nacional de Secretários de Educação (Consed), Alessio Trindade de Barros, e o representante da Confederação Nacional do Comércio, Francisco Aparecido Cordão.
(Reportagem: Ana Maria Mejia/fotos: Leonardo Sussuarana e William Sant´Ana)
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