Votação histórica


Plenário da Câmara rejeita pedido de abertura de investigação contra Michel Temer

painelO plenário da Câmara rejeitou na noite desta quarta-feira (2) o pedido de abertura de investigação contra o presidente Michel Temer. O relatório da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), de autoria do deputado Paulo Abi-Ackel (MG), foi aprovado por 263 votos favoráveis, 227 contrários, 2 abstenções e 19 ausências. Para derrubar o parecer da CCJ e autorizar a investigação pelo Supremo Tribunal Federal (STF), era necessário o voto contrário de pelo menos 342 deputados.

Com o resultado da votação, a acusação contra Temer ficará parada no STF. O caso será suspenso e só poderá ser analisado pela Justiça quando o presidente deixar o cargo. Sem o chamado foro privilegiado, caberá a um juiz de primeira instância analisar a denúncia. O prazo de prescrição deve ser suspenso nesse período.

A sessão começou às 9h e o resultado foi proclamado às 21h50. A Segunda Secretária da Casa, deputada Mariana Carvalho (RO), acompanhou todo o processo de votação na Mesa e participou do processo de contabilidade de votos. Na véspera, a tucana foi responsável pela leitura do parecer em plenário. Pela manhã, ela presidiu parte da sessão em que deputados do PSDB se manifestaram sobre o pedido.

A oposição tentou obstruir a sessão e o PT chegou a pedir o adiamento da discussão. Por volta das 11h, foi atingido o quórum de 257 deputados necessários para encerrar a discussão. Logo depois das 16h, o presidente da Casa, Rodrigo Maia, abriu a fase de orientação de bancada, em que os líderes dos partidos se posicionaram sobre a denúncia. No início da noite, teve início o processo de votação nominal do parecer. Cada parlamentar foi chamado ao microfone e teve 15 segundos para proclamar o voto.

O líder do PSDB na Câmara, Ricardo Tripoli (SP), encaminhou pela admissibilidade da denúncia, mas liberou os parlamentares da bancada. Ele destacou que o partido não busca o fracasso do governo, mas defende o interesse da população e a necessidade de reformas estruturantes para retomar a economia. No discurso, Tripoli chamou a atenção para os “interesses políticos” em jogo na histórica votação. Na legenda, 22 votaram com o parecer, 21 contra e quatro não estavam presentes. 

PRONUNCIAMENTOS

2ª Secretária da Câmara, Mariana Carvalho participou do processo de contabilidade de votos.

2ª Secretária da Câmara, Mariana Carvalho participou do processo de contabilidade de votos.

Antes da votação, a defesa do presidente e o relator da CCJ tiveram a oportunidade de se pronunciar. A advogado Antônio Cláudio Mariz de Oliveira, responsável pela defesa do presidente, apresentou o que considera “equívocos e engodos” da denúncia do MPF que acusa Temer de ter praticado o crime de corrupção passiva no exercício do mandato.

Abi-Ackel leu seu parecer recomendando que a Câmara negue a autorização para que o STF abra processo. O parecer do tucano foi aprovado em julho pela CCJ por 41 votos a 24. No parecer, Abi-Ackel questiona a legalidade da gravação feita por Batista, que, na avaliação do deputado, conduziu uma “conversa maliciosa e mal intencionada”.

Dez deputados que ocupavam ministérios reassumiram os mandatos para participar da votação, inclusive os tucanos Antonio Imbassahy (BA), da Secretaria de Governo, e Bruno Araújo (PE), ministro das Cidades.

ENTENDA O CASO
Michel Temer foi denunciado ao Supremo pelo procurador-geral da República, Rodrigo Janot, pelo crime de corrupção passiva nas investigações decorrentes da delação de Joesley Batista, do grupo J&F.

Temer foi acusado de ser beneficiário dos recursos entregues pela empresa ao ex-deputado Rodrigo Rocha Loures, que havia sido assessor especial da Presidência da República. Conforme a Constituição, um eventual processo contra o presidente da República no Supremo, por crime comum, só pode ser aberto com aval de 2/3 dos deputados.

PEDIDO NEGADO
A ministra Rosa Weber, do STF, negou pedido de parlamentares da oposição para alterar a votação da Solicitação para Instauração de Processo (SIP) 1/17. Um grupo de deputados entrou com mandado de segurança para que fosse ouvido em Plenário o procurador-geral da República e para que fosse analisado pedido original do STF, em vez do parecer aprovado pela CCJ.

(Da redação com informações da Agência Câmara/ Fotos: Alexssandro Loyola)

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2 agosto, 2017 Últimas notícias Sem commentários »

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