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O bicampeonato mundial do desemprego – Carta de Conjuntura do ITV – abril/2017

desemprego-economia-foto-ebc-300x200Em 2016, pelo segundo ano consecutivo, o Brasil foi o país que mais gerou desempregados no mundo. Foram mais 3,3 milhões de novos trabalhadores desocupados ao longo de um ano. Só a Nigéria, país envolto numa sangrenta guerra civil, registrou situação parecida com a nossa. A explosão do desemprego acompanha a recessão provocada pela ruinosa política econômica dos governos de Lula e Dilma Rousseff. Infelizmente, a conta do estrago ainda deve demorar a ser zerada e o país só deve voltar a gerar novas vagas de trabalho a partir de 2018. Isso, claro, se as reformas estruturais lograrem sucesso e avançarem no Congresso.

O Brasil registrou um incômodo título no ano passado: tornou-se bicampeão mundial de desemprego. Pelo segundo ano consecutivo, foi o país que mais desempregou trabalhadores. Reativar o mercado de trabalho continua sendo o principal desafio da economia brasileira, que apenas ensaia um início de recuperação após os quase três anos de recessão promovida pela política econômica posta em prática pelos governos de Lula e Dilma.

O resultado de 2016, infelizmente, foi ainda pior que o do ano anterior. No ano passado, o Brasil gerou 3,3 milhões de novos desempregados, superando os 2,6 milhões registrados em 2015, de acordo com a Pnad Contínua, publicada pelo IBGE. Levantamento feito entre 50 países que têm estatísticas sobre seu mercado de trabalho, e que cobrem o período até dezembro passado, já divulgadas mostra que, mais uma vez, ninguém foi páreo para o Brasil.

Entre os países que já divulgaram seus resultados, quem mais se aproximou de nós foi a Turquia, com 636 mil novos desempregados em 2016. É preciso considerar, no entanto, que a Nigéria ? que em 2016 já ficara com o vicecampeonato mundial ? desta vez pode ter empatado com o Brasil na liderança.

Ainda às voltas com o terrorismo do grupo radical islâmico Boko Haram, o país africano só tem dados publicados até setembro: 2,5 milhões de novos desempregados no ano. Se o ritmo tiver se mantido nos meses finais de 2016, terão sido gerados também 3,3 milhões de novos desempregados por lá em 2016, número idêntico ao brasileiro.

Esta é a segunda edição do ranking elaborado pelo Instituto Teotônio Vilela para medir o comportamento do emprego no mundo, a partir de estatísticas, informações, dados e estimativas oficiais disponibilizadas por instituições como Banco Mundial, OIT, CIA e pelo site de monitoramento internacional Trending Economics.

Na comparação com a listagem do ano passado, oito países que constavam do ranking anterior ainda não publicaram estatísticas consolidadas de seus respectivos mercados de trabalho para 2016. Por esta razão, não foram incluídos no presente estudo. Além da Nigéria, são eles: Bangladesh, Etiópia, Indonésia, Índia, Irã, Paquistão e Venezuela.

Assim como em 2016, o levantamento atual considera todos os países da União Europeia, todos os 34 membros da OCDE, as economias mais desenvolvidas, os emergentes e todas as nações da América do Sul, exceto Bolívia e Venezuela. 

Brasil destrói, mundo cria empregos
Novamente, foram majoritárias as economias que mais geraram do que destruíram empregos no ano passado. Dos 50 países analisados, 34 tiveram resultados positivos no período. Nações outrora mergulhadas em séria crise econômica reativaram o motor da criação de novas vagas de trabalho. É o caso da Espanha, com o segundo melhor resultado em 2016, com 603 mil novos empregos ? as Filipinas lideraram o ranking, com 702 mil.

Quando se consideram os dois últimos anos, o Brasil lidera a listagem com 5,9 milhões de novos desempregados entre 2015 e 2016. A Nigéria surge com 5,7 milhões, se considerado resultado anual obtido por extrapolação estatística a partir dos nove primeiros meses de 2016. Na sequência, aparecem Turquia, África do Sul e Rússia. 

Quanto ao total de desempregados, o Brasil continua em terceiro lugar na lista, abaixo da China e da Índia, nesta ordem. No entanto, a distância em relação ao segundo colocado estreitou-se, já que o país passou a ter um exército de 12,3 milhões de desempregados em dezembro passado ? hoje já são 14,2 milhões ? e a economia indiana foi uma das principais responsáveis pela forte geração de empregos no Sudeste Asiático, onde foram criados 13,4 milhões de novas vagas em 2016, segundo a Organização Internacional do Trabalho.

Lenta recuperação
Embora tenha crescido 3,6 pontos percentuais em um ano, a taxa de desemprego brasileira não está entre as maiores do mundo. Neste quesito, lideram a África do Sul, com 26,5%, a Grécia, com 23%, e a Espanha, com 18,6%. O Brasil surge em sétimo lugar neste ranking, suplantado também por Croácia, Sérvia e Turquia, nesta ordem.

O mercado de trabalho costuma ser um dos últimos componentes da economia a reagir. Lamentavelmente, assim deverá acontecer com o desemprego brasileiro. As análises preponderantes consideram que a taxa de desocupação deve continuar aumentando até meados deste ano, para só então estabilizar-se e, uma vez confirmada a recuperação da economia, começar a cair, mais provavelmente em 2018.

Claro está que a crise de emprego por que passa o Brasil não é fruto da agenda econômica atualmente em marcha. É, isto sim, consequência direta da política que elevou o PIB do país a seu maior retrocesso na história, ao empobrecimento da população e ao aumento da desigualdade, posta em marcha pelos governos do PT. Se bem sucedidas, as reformas estruturais ora em discussão poderão ter o condão de criar as condições para que a crise seja mais rapidamente superada. E quanto antes isso acontecer, mais rápido nossos trabalhadores voltarão ao trabalho.

Variação do número de desempregados (2015-2016)

 

(Fonte: ITV)

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15 maio, 2017 Últimas notícias Sem commentários »

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