Nunca sabe de nada
Lula recorreu mais uma vez à velha estratégia do “eu não sabia”, avaliam parlamentares
“Como no mensalão, Lula não sabia de nada” destacou o “Correio Braziliense” em sua manchete. Já “O Estado de Minas” publicou: “Cinco horas de ‘não’, ‘não sei’ e ‘Dona Marisa’”. Esses títulos resumem o tom das respostas usadas pelo ex-presidente, em sua conhecida estratégia de negar fatos, como apontaram parlamentares do PSDB ao avaliarem o depoimento de cinco horas prestado ao juiz Sérgio Moro na 13.ª Vara Criminal Federal de Curitiba.
Sobrou pra quem não pode se defender – Análise do Instituto Teotonio Vilela
Em sua oitiva, o réu da Operação Lava Jato negou que tenha havido intenção de adquirir o triplex no Guarujá e atribuiu à falecida ex-primeira-dama Marisa Letícia as decisões sobre o apartamento. O petista é acusado de ter, supostamente, recebido o apartamento a título de propina pela empreiteira OAS. Ele negou qualquer irregularidade, disse que o imóvel seria pequeno para sua família e até alegou que desconhecia visita feita por Dona Marisa ao local em 2014.
A deputada Yeda Crusius (RS) lamentou o teor do depoimento, especialmente as colocações sobre a ex-primeira-dama. “Tentar colocar toda a questão do tríplex sobre a falecida Dona Marisa na tentativa de se defender fez com que ele perdesse o respeito de todos. Não se faz isso. É algo que não se sustenta em pé”, apontou a tucana nesta quinta-feira (11).
Ao comparar as declarações do petista com uma moeda, Yeda afirmou que na oitiva, Lula teve que apresentar a “cara”, mas o teor das colocações não teve valor algum. Como destacou, o petista sabia que a imprensa e a população teriam acesso ao depoimento e por isso buscou usar sua arte de negar que sabia de alguma coisa e de manipular a opinião pública.
Simbolicamente, o depoimento do ex-presidente mostrou que todos devem se submeter a Justiça quando necessário. É o que acredita Yeda. Segundo ela, Lula imagina nunca ter que dar explicações a um juiz como qualquer mortal faz quando responde a um processo. “Ficou evidente o quanto ele estava incomodado de ter que responder a Justiça. Mas nós temos que responder à Justiça quando preciso e ela faz sua parte: inocenta ou culpa”, ressaltou.
TAPA NA CARA DO BRASILEIRO
Para o deputado Rocha (AC), fica evidenciado que o Brasil passa por uma grave crise ética e moral “quando um réu que está às portas da cadeia aproveita o seu depoimento em juízo para fazer um verdadeiro comício”. O tucano afirma ser lamentável que dezenas de deputados e senadores tenham faltado às sessões na Câmara e Senado para protestar em Curitiba contra a Lava Jato, uma operação que está passando o Brasil a limpo.
Segundo ele, isso é um tapa na cara do brasileiro honesto, que paga seus impostos e que vê parlamentares que deveriam ter compromisso com o Brasil, na verdade, posicionando-se contra a Operação Lava-Jato. Da tribuna, questionou como foram pagos os gastos desses parlamentares e do evento promovido por eles no Paraná.
Para o deputado Miguel Haddad (SP), a espetacularização do depoimento por parte de aliados do ex-presidente foi algo desnecessário diante de algo tão corriqueiro como um depoimento. “Para o magistrado, o que havia era um réu a ser interrogado. Na sequência, Lula será julgado e a sentença proferida e executada”, apontou o tucano.
Ele também considerou fraca a defesa apresentada por Lula, que, em muitos momentos quis se colocar como o interrogador, e não como interrogado. “Para quem apostava no radicalismo, uma forma primitiva de fugir do diálogo franco, o depoimento de Lula em Curitiba foi um fiasco. A seriedade do juiz Sérgio Moro impediu a realização do embate planejado”, completou.
Pelas redes sociais, o deputado Lobbe Neto (SP) destacou a repercussão nos veículos de comunicação, sobretudo sobre a tentativa de se esquivar das perguntas e de atribuir decisões sobre o tríplex à Dona Marisa. “Como era de se esperar, ‘ele não sabia de nada’ e jogou a culpa na falecida esposa Marisa Leticia”, resumiu.
(Reportagem: Djan Moreno/fotos: Alexssandro Loyola)
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