Situação calamitosa
Deputados defendem ajuda para Roraima diante do intenso fluxo migratório de venezuelanos
Causa preocupação a situação de venezuelanos que estão imigrando para o Brasil, especialmente para Roraima, em busca de melhores condições de vida por causa da crise que afeta o país vizinho. Preocupados com essa questão, deputados do PSDB estão tomando atitudes no sentido de
encontrar solução para os problemas que acabam por afetar fortemente cidades como Pacaraima, na fronteira, e a capital Boa Vista. Os municípios sofrem o impacto da inflada demanda por serviços públicos causada pela chegada dos estrangeiros.
Há dias, a deputada Shéridan (RR) vem alertando para os problemas. De acordo com ela, o caos social na Venezuela e a saída em massa de venezuelanos que procuram abrigo em Roraima sobrecarregam o estado, gerando desabastecimento em Pacaraima, aumento da violência, prostituição, sobrecarga nos serviços públicos e exploração trabalhista de imigrantes.
“O sofrimento dos nossos irmãos venezuelanos exige de nós toda a solidariedade. Confiamos no trabalho do ministro José Serra no âmbito das relações exteriores, mas precisamos de uma atenção emergencial para Roraima. É preciso que haja uma atuação emergencial para minorar a grave crise humanitária causada pela migração em massa de venezuelanos”, alerta a deputada.
A parlamentar destaca que a grave situação merece a atenção cuidadosa não apenas de autoridades locais, mas também do Congresso Nacional.
Junto com o presidente da Comissão de Relações Exteriores da Câmara, deputado Pedro Vilela (AL), e do vice-presidente, Luiz Carlos Hauly (PR), a parlamentar sugeriu a realização de audiência pública na Câmara para tratar do assunto e a formação de uma comitiva de parlamentares para ir ao estado verificar in loco o estado em que os imigrantes estão vivendo e os problemas que a população local também passou a enfrentar. Para ela, essa é uma pauta nacional e que merece apoio federal.
Com a visita à região, os deputados esperam discutir com as autoridades locais e, posteriormente, com as autoridades federais, maneiras de atender à urgência que requer esta situação e de preparar as estruturas do estado para o acolhimento de muitos outros venezuelanos que ainda devem chegar ao Brasil ao longo dos próximos meses. Já na audiência pública, os parlamentares pretendem ouvir especialistas em migrações, autoridades e pessoas que estão acompanhando de perto a situação da Venezuela.
A “Folha de S.Paulo” enviou uma equipe ao estado e constatou os problemas. De acordo com a publicação, com a chegada de cerca de 30 mil venezuelanos, Roraima viu crescerem os atendimentos hospitalares, a violência, os casos de malária e prostituição. Além disso, o estado menos populoso do país – cerca de 500 mil habitantes – sofre agora com a xenofobia. Venezuelanos dormem nas ruas, rodoviária e imóveis invadidos. Em média, 100 imigrantes cruzam a fronteira diariamente.
Para se ter ideia do caos, somente em Pacaraima, cidade de 12 mil habitantes, já foram realizados 3,2 mil atendimentos médicos a pacientes do país vizinho. Como descreve a reportagem da Folha, a cidade parece um cenário de pós-guerra, com lixo amontado por todos os lados e pessoas catando alimentos para sobreviverem. A procura por itens de alimentação e limpeza é tão grande que, além dos supermercados, até farmácias e lojas de roupas estão vendendo arroz, açúcar, macarrão e óleo. Tudo inflacionado. Muitos venezuelanos compram na cidade para vender do outro lado da fronteira.
Pedro Vilela recebeu em Brasília um grupo de venezuelanos que informaram sobre a situação no estado e a respeito do caos que vive a Venezuela. O tucano afirma que, apesar da necessidade de o Brasil impor um controle à entrada de estrangeiros, o caso é humanitário e o país não pode fugir da responsabilidade de amparar os venezuelanos que chegam em busca de melhores condições de sobrevivência.
“Essa ida à fronteira deve ocorrer o quanto antes. Queremos encontrar uma forma de auxiliar para que o estado tenha as condições de oferecer os serviços básicos de saúde, educação e segurança aos seus habitantes e também a esses venezuelanos que estão chegando. Vamos também pedir um auxílio ao governo federal para que Roraima consiga suprir as necessidades de sua população e desses imigrantes, já que os aparelhos e serviços públicos estão sobrecarregados. Temos que ter uma postura humanitária”, aponta Vilela.
O presidente da CREDN afirma que o Brasil precisa, além da postura solidária, continuar cobrando, no âmbito internacional, que haja uma solução para a crise instalada na Venezuela. De acordo com ele, a nação vizinha precisa vencer o regime ditatorial e se abrir ao diálogo para que seu povo possa superar o momento de escassez de itens básicos para a sobrevivência e os fortes ataques à liberdade de expressão e à imprensa livre.
(Reportagem: Djan Moreno/ Fotos: Alexssandro Loyola/ Áudio: Hélio Ricardo)
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