Carta de Formulação e Mobilização Política
No Grito, Não! – Análise do Instituto Teotonio Vilela
Não fazem bem à democracia os protestos agressivos que começam a pipocar pelo país. Não será na base do conflito, da baderna e da afronta às instituições que o Brasil vai encontrar saídas para a crise gigantesca em que foi jogado pelos governos do PT. Palavras de ordem não têm o condão de remediar a realidade.
Episódios ocorridos ontem merecem absoluto repúdio de todos os que prezam o respeito à lei e ao direito de manifestação pacífica de todos. Sempre que um grupo transcende os limites institucionais, alguém é prejudicado. O equilíbrio e o respeito mútuo são a essência do Estado democrático de Direito, e não podem nunca ser ameaçados.
Os extremistas que invadiram o plenário da Câmara deixaram claro seu desapreço pela democracia. Ao invocar uma improvável “intervenção militar” e tratar com truculento desrespeito a instituição onde os interesses do povo são representados (se bem ou mal representados são outros quinhentos), desnudaram o caráter autoritário de sua causa.
Mas não foi apenas na Câmara dos Deputados que os limites foram transpostos. Desde a semana passada, protestos de servidores no Rio de Janeiro contra as medidas de austeridade fiscal propostas pelo governo fluminense têm resvalado na violência. Não será assim que a evidente falência do estado será sanada.
Mais duradouras têm sido as manifestações em escolas e universidades pelo país afora reunidas sob a etérea bandeira da rejeição à proposta de emenda constitucional que disciplina os gastos públicos federais e à medida provisória que reforma o ensino médio, ambas em tramitação no Congresso.
Espelhados nos maus exemplos dos adultos, os estudantes escoram-se em palavras de ordem para resistir, em geral na base meramente da ideologia, a mudanças necessárias em estruturas cada vez mais evidentemente inadequadas para os dias atuais, como é o caso do ensino ofertado aos jovens e a estrutura inchada das despesas dos governos.
Todos estes movimentos parecem carregar um germe comum: o do extremismo que o acirramento cevado pelo PT nos últimos anos semeou. São frutos de grupos que se notabilizaram em cindir a sociedade brasileira num “nós” e “eles” que depõe contra a integridade nacional e tisna o vigor da nossa democracia.
A saída da crise está em mais, e não menos, entendimento. Está no esforço comum em prol de soluções para problemas que há décadas cobram soluções, sempre postergadas em favor de interesses menores.
A crise herdada do vale-tudo petista tem se mostrado bem mais amarga do que se previa. Os remédios, infelizmente, também terão de ser. Na base do grito, o país não vai conseguir avançar. Pelo contrário, vai é flertar com um passado do qual todos os que prezam a democracia queremos distância.
(fonte: ITV)
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