Ideb 2015


Deputados da Comissão de Educação defendem reformulação para país alcançar melhores resultados

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O resultado do Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb), importante termômetro da qualidade do ensino na sala de aula, mostra que a educação brasileira pouco avançou nos últimos anos e tem enormes desafios pela frente. Segundo deputados do PSDB que integram a Comissão de Educação, é urgente que se faça uma reavaliação profunda do sistema, abrangendo desde o processo de formação de professores até a reformulação do Ensino Médio.

Em termos nacionais, nos anos iniciais do Ensino Fundamental (1º ao 5º), a meta para 2015 foi alcançada por 74,7% das redes municipais. Mas não foi positiva para os anos finais do Ensino Fundamental (6º ao 9º), nem no Ensino Médio. 

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No Ensino Médio, o índice permanece estagnado desde 2011. Como a avaliação é feita de dois em dois anos, o índice parou em 3,7 diante de uma meta de 3,9. Em 2015, a situação é mais grave, pois embora o índice permaneça em 3,7 a meta subiu para 4,3. Governado pelo PSDB desde 1995, São Paulo se destacou, ficando em primeiro lugar em todos os ciclos. 

De acordo com os deputados Giuseppe Vecci (GO) e Rogério Marinho (RN), os índices refletem menos a questão da falta de recursos financeiros e mais de gestão. Na última década houve muito enfoque em marketing e mídia e políticas públicas pulverizadas, sem preocupação com a base. No segundo mandato, Dilma chegou inclusive a usar o slogan “Pátria Educadora”, que em momento algum se refletiu em ações concretas de seu governo.

Segundo Vecci, entre os fatores que dificultam o processo de aprendizagem está o currículo disperso em nível nacional. Ele cita como exemplo o estudo de matemática e português, que em alguns municípios tem carga horária inferior ao necessário. Para o parlamentar, o esforço do governo federal para criar um currículo mínimo é válido. “Também e preciso uma reformulação muito grande na forma de ensinar”, recomendou.

Já o deputado Rogério Marinho considera a situação catastrófica. Ele ressalta que o Ideb mede fluxo e proficiência. O fluxo – que é metade da nota, avalia abandono, evasão e repetência. A outra metade da nota é o conhecimento que o aluno conseguiu adquirir na série em que ele foi avaliado. “Se você retirar o fluxo então é uma catástrofe. Desde a alfabetização até o ensino médio a situação da qualidade do ensino no Brasil é terrível”, afirma o deputado.

Para o tucano, é preciso “refazer desde o início”, ou seja, investir na formação do professor e diminuir o corporativismo existente na área educacional brasileira. Segundo ele, a má qualificação do docente é responsável pelo baixo índice de alfabetização existente no país: 56% das crianças matriculadas no terceiro ano de ensino fundamental estão no estágio 1 e 2. Ou seja, são analfabetos ou analfabetos funcionais. Apenas 11% estão alfabetizados, os outros estão numa escala intermediária.

Com quase a totalidade dos alunos do ensino médio matriculada na rede estadual, o baixo desempenho reforça a urgência pela reforma do Ensino Médio, adotando uma fórmula capaz de atrair o interesse dos jovens. Rogério Marinho explica que, em função das deficiências no ensino fundamental, apenas algo entre 40% e 50% dos estudantes conseguem chegar ao ensino médio. E quando chegam a situação se agrava diante das 14 disciplinas obrigatórias e cinco transversais que ele vai enfrentar. “Ele ingressa no ensino médio,que prepara mal para a universidade e não prepara para o mercado de trabalho. Aí o ensino é desinteressante, fora da sua realidade”, alertou.

Na avaliação do parlamentar, os problemas se acumulam e os índices mostram que a “pátria educadora é uma balela, que o governo do PT privilegiou números e quantidade em detrimento da qualidade”. Para ele, não é possível conviver com a questão da hegemonia do pensamento único das escolas e a reforma da educação deve ser adotada como um projeto de nação, e não de um governo de ocasião.

Investir em educação e mudar os paradigmas é que dará ao Brasil a possibilidade de competir por mais emprego e renda. “Sem isso, vamos nos afastando da possibilidade de sermos um país plenamente desenvolvido porque não conseguimos passar para o conjunto da sociedade a qualidade na educação”, reitera.

Reformular o currículo do ensino médio, conforme defendido pelo MEC, é positivo, segundo ele. “É um grande avanço, mas nós estamos tratando do final do ensino básico, e a gente tem que começar pelo alicerce”, reiterou. O parlamentar alertou ainda para a necessidade de se discutir a base nacional curricular comum. “A tarefa do ministro Mendonça Filho é gigantesca e ele vai precisar de muita força, de muito foco pra mexer nessa casa de marimbondos que é a educação brasileira, na qual as pessoas estão presas na corporação”, avisou.

Ao analisar os números, a presidente do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anisio Teixeira, Maria Inês Fini, é preciso uma reforma no Ensino Médio e uma maior articulação das redes municipais e estaduais de ensino para melhorar os resultados. 

Por meio de seu perfil no Twitter, o deputado Marcus Pestana (MG) comentou reportagem do jornal “O Globo” sobre o mau desempenho no Ensino Médio. “Essa é a principal revolução que temos que encarar, a educacional. Brasil está patinando na questão da qualidade”, escreveu. Para ele, o quadro da educação é mais uma “façanha da herança maldita de Dilma e do PT”.

SAIBA MAIS

O Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb) é um indicador de desempenho da educação brasileira divulgado a cada dois anos pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), autarquia do Ministério da Educação (MEC). O Ideb relaciona duas dimensões: o desempenho dos estudantes em avaliações de larga escala e a taxa aprovação.

O desempenho é calculado a partir da Prova Brasil/Saeb, quando os estudantes do 5º e do 9º ano do Ensino Fundamental e da 3ª série do Ensino médio são avaliados em Leitura e Matemática. Os dados de aprovação são verificados a partir do Censo Escolar da educação Básico, realizado anualmente.

O Ideb é calculado para escolas e para sistemas de ensino que monitoram o seu desempenho em relação a metas individuais pactuadas com o governo federal. O índice varia de 0 a 10: quanto maior for o desempenho dos alunos e o número de alunos promovidos, maior será o Ideb.

O ENSINO EM NÚMEROS

Ensino Fundamental – Anos Iniciais (1º ao 5º ano) 

  • 117,9 mil escolas oferecem os anos iniciais nas redes pública e
    privada;
  • 15,5 milhões de alunos estão matriculados nos anos iniciais do Ensino Fundamental;
  • 10,5 milhões (68,1%) estão matriculados em escolas municipais. Esse total representa 82,5% das matrículas na rede pública;

Ensino Fundamental – Anos Finais (6º ao 9º ano)

  • 62,4 mil escolas oferecem os anos finais nas redes pública e privada;
  • 12,4 milhões de alunos estão matriculados nos anos finais do Ensino Fundamental;
  • 41,7% deles estão na rede municipal;
  • 43,6% deles estão na rede estadual;

Ensino Médio

  • 28 mil escolas oferecem o Ensino Médio nas redes pública e privada;
  • 8 milhões de alunos estão matriculados no Ensino Médio;
  • 23,6 % desses estudam no período noturno;
  • 84,4% estão na rede estadual, que concentra 97,1% das matrículas da rede pública

(reportagem: Ana Maria Mejia, com info0rmações do Inep/fotos: Alexssandro Loyola e divulgação)

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9 setembro, 2016 Últimas notícias Sem commentários »

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