Mais uma fase vencida

Para deputados, placar favorável ao impeachment se repetirá no julgamento final de Dilma

A votação da madrugada terminou no placar esmagador de 59 votos favoráveis e 21 contrários ao prosseguimento do processo.

Após o placar esmagador de 59 votos favoráveis e 21 contrários ao prosseguimento do processo de impeachment contra a presidente afastada Dilma Rousseff, deputados do PSDB destacaram que a decisão do Senado, tomada na madrugada desta quarta-feira (10), torna ainda mais real a possibilidade de afastamento definitivo da petista, como anseia a sociedade. Os tucanos reforçaram a constitucionalidade do processo e voltaram a rechaçar a tese de golpe pregada pelos poucos aliados a Dilma que sobraram.

Na votação era preciso alcançar maioria simples (mais da metade dos senadores presentes) para que o parecer do relator Antonio Anastasia (PSDB-MG), pela abertura do julgamento, fosse aprovado. O resultado demonstra a dificuldade de Dilma para barrar o impeachment na votação final, prevista para o dia 25. Se pelo menos 54 dos 81 senadores votarem por sua condenação, Dilma perderá o cargo de presidente definitivamente.

O deputado Raimundo Gomes de Matos (CE) avalia que Dilma não tem mais amparo político e popular para mobilizar ninguém a seu favor, pois mentiu o tempo todo para o povo brasileiro, a exemplo do que também fez o ex-presidente Lula.

O tucano destaca que a presidente afastada teve garantido seu direito à ampla defesa, mas não mostrou concretude nos argumentos. Na avaliação do parlamentar, já é possível dizer que Dilma não reassumirá o cargo, pois dificilmente algum voto será revertido.

Deputados do PSDB destacaram pontos que pesam contra Dilma, como os crimes de responsabilidade, que dão aval ao impeachment, como prevê a Constituição. “Houve crime de responsabilidade e quem o comete tem que pagar por isso. Mas somam-se a isso muitas outras coisas, pois grande foi a roubalheira”, aponta o deputado Guilherme Coelho (PE).

“A votação foi expressiva e aguardamos o final do mês, quando ela definitivamente será afastada da Presidência para termos uma nova esperança de reconstrução do Brasil”, afirmou o tucano, ao destacar que o PT quebrou o país, promovendo um assalto aos cofres públicos para se perpetuar no poder, levando a população às ruas para pedir o impeachment.

Para o deputado federal e vice-presidente nacional do PSDB, Carlos Sampaio (SP), o crime de responsabilidade praticado pela petista ficou comprovado ao longo do processo de impeachment e os senadores deverão aprovar o afastamento definitivo de Dilma. “Agora, falta muito pouco para nos livrarmos, de uma vez por todas, da Dilma, do PT e dessa fase triste que vivenciamos na política brasileira”, disse Sampaio.

Para ele, o resultado da votação do parecer evidencia que os senadores aprovarão o impeachment. “Essa vitória expressiva evidencia que a votação final do impeachment, que se iniciará no próximo dia 23, será amplamente favorável ao afastamento definitivo de Dilma, pois, para tanto, bastariam 54 votos.”

Segundo Sampaio, desde o início do processo, quando foi um dos primeiros parlamentares a defender a saída de Dilma, nunca teve dúvidas sobre a responsabilidade da presidente nas fraudes fiscais praticadas pelo governo e nos sucessivos escândalos de corrupção que marcaram a gestão da petista.

O deputado Giuseppe Vecci (GO) destacou a importância de um desfecho para o impeachment. “Chegou a hora de enfrentarmos um novo desafio, de criarmos novas perspectivas com ações propositivas que permitirão ao país a retomada do desenvolvimento, com geração de riqueza e produtividade, superação da inflação e do desemprego”, disse.

Para o deputado Geraldo Resende (MS), o amplo apoio parlamentar ao impeachment tem um importante significado contra a impunidade no país. “A votação no Senado significou que o presidente da República também deve responder pelos seus erros e crimes de responsabilidade, conforme prevê a Constituição Federal. Mais do que isso, o resultado da sessão do Senado que tornou Dilma Rousseff ré revela o quanto ela está isolada, sem apoio do Congresso Nacional e sem quaisquer condições de retornar ao cargo”, disse.

Em plenário nesta quarta-feira, o deputado Silvio Torres (SP) comentou o resultado da votação no Senado. “Parece claro que o destino dela [Dilma] está selado. A votação demonstrou claramente que ampla maioria do Senado vai votar pela cassação, quando chegar o momento, o que provavelmente acontecerá a partir do dia 26 de agosto. Isso é importante, porque não podemos continuar nesse lodo, nesse limbo em que estamos, no qual não se sabe o que vai acontecer.”

(Reportagem: Djan Moreno/ Foto: Jonas Pereira/Agência Senado/ Áudio: Hélio Ricardo)