Encenação sem resultado


Para tucanos, trapalhada promovida por Waldir Maranhão afrontou instituições e democracia 

Imbassahy - Marchezan - Daniel

A verdadeira tentativa de golpe aplicada pelo presidente interino da Câmara, deputado Waldir Maranhão (PP-MA), em consonância com Dilma e aliados de primeira hora, demonstrou o desrespeito às instituições e à democracia por parte do governo da petista e de seus asseclas. Após forte reação da sociedade, dos partidos políticos e dos deputados, que por maioria acachapante haviam aprovado o pedido de impedimento de Dilma na Câmara, o próprio Maranhão anulou o ato assinado por ele horas antes.

Na avaliação de deputados do PSDB, toda essa encenação tinha o objetivo de protelar o afastamento de Dilma, que deve deixar o Planalto após a votação do processo pelo Senado, marcada para esta quarta-feira (11). Para o líder do PSDB na Câmara, deputado Antonio Imbassahy (BA), a manobra de Maranhão para frear o impeachment foi apenas uma marola, ainda que se ensaiasse um tsunami. Em seu Facebook,o tucano destacou que Dilma fingiu-se surpresa quando avisada sobre a canetada do recém-aliado. Segundo Imbassahy, a farsa encenada por Maranhão, tendo José Eduardo Cardozo e o governador Flavio Dino, do PCdoB, como protagonistas, é o desfecho de um governo desmoralizado.

Para o deputado Nelson Marchezan Junior (RS), a medida desastrosa deixou o país estarrecido e custará muito caro para o deputado Waldir Maranhão. Marchezan acredita que o presidente interino da Câmara poderá perder o cargo na Mesa Diretora e até mesmo o mandato de deputado federal. “Ele não é digno de nenhum dos dois. Seu ato demonstra que ele não está à altura de representar nem seu estado, nem seus eleitores, muito menos de estar nesta Casa”, afirmou.

Na avaliação de Marchezan, a atitude de Maranhão, que segundo a imprensa era de conhecimento de Dilma desde a véspera, comprova que o PT e seus aliados usam das  ferramentas mais escusas possíveis para defender seus interesses pessoais em detrimento do interesse público e das instituições.

“A intervenção do deputado Maranhão foi medíocre e absurda, além de ser ditatorial. Queriam fazer pela caneta de um deputado aquilo que nem mesmo o conjunto dos 513 deputados poderia fazer a essa altura do processo. É descabido e só demonstra o desespero do PT, de Dilma, Lula e da gangue que os segue. Mostra ainda o desprezo que têm pelas instituições e pela democracia”, condenou Marchezan. Ainda de acordo com o deputado gaúcho, o governo de Dilma se finda adotando as mesmas práticas as quais sempre recorreu: usar dos meios mais baixos para defender um projeto de poder.

Por sua vez, o deputado Rocha (AC) também expressou indignação com o episódio lamentável patrocinado por Waldir Maranhão. ” Estou protocolando ao Ministério Público Federal e Supremo Tribunal Federal uma representação contra José Eduardo Cardoso. Não é a primeira vez que o Advogado Geral da União tenta criar embaraços para o Poder Legislativo, tentando desacreditar o trabalho da Câmara e do Senado. Essa foi apenas mais uma imoralidade praticada pelo PT”, disse Rocha. Na noite de domingo, Maranhão se reuniu com Cardoso na casa de um vice-líder do governo Dilma. 

SEM LEGITIMIDADE

O 1º vice-líder do PSDB, deputado Daniel Coelho (PE) apontou, em discurso no plenário da Câmara, a falta de liderança e de legitimidade do deputado Waldir Maranhão. Segundo ele, o parlamentar conseguiu, em sua primeira atitude como presidente da Casa, mostrar que não tem “o mínimo de bom senso e equilíbrio para presidir a Câmara em um momento tão difícil”.

“Desrespeitando a decisão da maioria absoluta desse poder, tentou anular uma decisão tomada democraticamente por meio do voto. Obviamente que sua decisão era sem valor e ele teria que voltar atrás. Não dava para defender essa verdadeira palhaçada contra a nossa democracia e o nosso Parlamento”, afirmou Daniel.

Segundo o tucano, nenhum presidente tem o poder de revogar uma decisão tomada em plenário e isso era o mínimo que Waldir Maranhão deveria saber. O tucano disse ainda que as mesmas dificuldades para a permanência de Eduardo Cunha como presidente da Câmara pesam contra o presidente interino. “O fato é que ele não tem mais condições de presidir essa casa. A presidência deve ser exercida com respeito ao Regimento Interno e à Constituição desse país”, alertou.

Nesta terça-feira (10), o deputado Carlos Sampaio (SP) defendeu a cassação do mandato de Waldir Maranhão por abuso de poder. Em vídeo divulgado em sua página no Facebook, Sampaio afirmou que “o Brasil não concebe mais condutas irresponsáveis como esta”, referindo-se ao polêmico ato de Maranhão que suspendeu a sessão do impeachment de Dilma Rousseff na Câmara. Em outra frente, membros do Partido Progressista estudam expulsar Maranhão da legenda. 

(Reportagem: Djan Moreno/fotos: Alexssandro Loyola)

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10 maio, 2016 Últimas notícias Sem commentários »

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