O grande dia
Para deputados, aprovação do impeachment no Senado dará novas perspectivas ao Brasil
Após uma luta de quase um ano no Congresso e nas ruas, finalmente Dilma Rousseff está a um passo de ser afastada do Palácio do Planalto. Nesta terça-feira (10), deputados do PSDB destacaram que o Brasil está sob clima de expectativa para a votação do impeachment de Dilma no Plenário do Senado, que ocorrerá amanhã. Depois de frustrada a manobra encabeçada pelo presidente interino da Câmara, Waldir Maranhão (PP-MA), para barrar o impeachment, a realização da sessão foi confirmada na noite de segunda pelo presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL).
Para o deputado Betinho Gomes (PE), a expectativa é de aprovação do processo por parte dos senadores. Na última sexta-feira, a comissão especial instalada no Senado acatou o relatório de Antonio Anastasia (PSDB-MG) por 15 votos a 5. “A expectativa é e de que a partir de quinta-feira tenhamos um novo governo capaz de dar animar principalmente a economia, que está paralisada. O atual cenário afeta a geração de emprego e a arrecadação do governo de maneira geral”, apontou.
O parlamentar destacou a legalidade do processo, que respeita a Constituição e todo o rito estabelecido pelo Supremo Tribunal Federal. O tucano criticou os protestos realizados hoje em várias cidades contra o impeachment. “Há uma conivência do PT com movimentos marginais que sequer têm CNPJ e estão nas ruas tentando influir na ordem democrática do nosso país”, lamentou.
Segundo Rogério Marinho (RN), Dilma abriu mão de governar o país e está preocupada em promover mobilizações partidárias dentro do Palácio do Planalto, o que, para ele, demostra que a petista não tem nenhum compromisso com a Constituição. “A presidente está queimando as reservas do país, gastando de forma indiscriminada e fazendo contas para que o próximo governo possa pagar. Minha expectativa é que no dia 11 possamos finalmente ter o impeachment consumado e, no dia seguinte, o país comece a entrar em sua normalidade”, apontou.
CRONOLOGIA
Foi uma longa jornada até que o Congresso Nacional esteja perto de afastar Dilma pelos meios legais. Um dia após entregarem à Procuradoria Geral da República representação na qual pediram a abertura de investigação contra a petista, parlamentares da oposição receberam em 27 de maio de 2015 os movimentos de rua que protocolaram o primeiro pedido de impeachment da presidente da República. Apresentado em 21 de outubro, a ação acatada pela Presidência da Câmara e que tramita no Parlamento é assinada pelos juristas Hélio Bicudo, Miguel Reale Jr e Janaína Paschoal.
Nas ruas, os brasileiros tiveram papel fundamental, com enormes manifestações a favor da saída da presidente, reprovada amplamente pela população brasileira. No dia 13 de março deste ano, em um dia histórico, cerca de seis milhões foram às ruas em todos os estados para defender o impeachment e a democracia. Na ocasião, os deputados do PSDB participaram dos protestos e reafirmaram posicionamento a favor da saída da presidente.
Na mesma semana seriam revelados diálogos do ex-presidente Lula, inclusive com a presidente Dilma, que indicavam a intenção dos petistas de melar as investigações da Operação Lava Jato. Em um ato que não se consumou, Dilma nomeou Lula ministro da Casa Civil, e os brasileiros voltaram às ruas em protesto. Nesse meio tempo, o STF resolveu a questão do rito do impeachment que estava travando o andamento do processo na Câmara.
Após formada a comissão especial e apresentado o parecer favorável à admissibilidade do processo, o colegiado votou pela continuidade do processo. No dia 17 de abril o plenário da Câmara confirmou a admissibilidade em uma sessão histórica, na qual 367 deputados votaram a favor. Logo depois, o rito seguiu, com o processo sendo encaminhado ao Senado.
Nesta semana, em um ato duramente criticado, o presidente interino da Câmara, Waldir Maranhão (PP-MA), tentou invalidar a decisão da Casa, mas foi ignorado pela presidência do Senado e acabou recuando. Agora, depois de quase um ano do início do movimento pelo afastamento de uma presidente que tão mal faz ao país, enfim chega o grande dia que milhões de brasileiros esperam.
RITO
A sessão de análise da admissibilidade deve ser iniciada quarta (11), às 9h e ser concluída no mesmo dia. Para Dilma ser afastada por até 180 dias, basta o voto da maioria simples do Plenário. O quórum mínimo de votação é de 41 dos 81 senadores. Na Câmara, todos os deputados do PSDB votaram pelo impeachment. No Senado, este quadro se repetiu na comissão especial e deve ser ratificado na histórica sessão de amanhã.
(Reportagem: Elayne Ferraz/fotos: Alexssandro Loyola/ Áudio: Hélio Ricardo)
Deixe uma resposta