Marcha a Brasília
Para deputados, governo petista não conseguirá tomar qualquer medida para aliviar penúria dos municípios
Provocada pela crise econômica que afunda o Brasil, a brutal queda de arrecadação do governo federal atinge de morte a economia dos municípios. Na mesma semana em que o pedido de impeachment de Dilma será votado no Senado, centenas de prefeitos estarão na capital para participar da XIX Marcha a Brasília em Defesa dos Municípios. Para o deputado Nilson Leitão (MT), os gestores serão ouvidos, mas o resultado prático será mínimo.“Não há interlocução e a presidente Dilma não tem legitimidade para governar”, resumiu.
O principal objetivo da marcha é reiterar os efeitos da crise e os entraves para o encerramento dos mandatos, especialmente sobre os cofres municipais. De acordo com dados da Confederação Nacional dos Municípios (CNM) a redução no repasse do Fundo de Participação dos Municípios (FPM) alcançou R$ 123 bilhões apenas entre 2008 e 2014.
Para o deputado Luiz Carlos Hauly (PR), os prefeitos estão pagando um preço muito alto, pois mais de 60% das 5.568 prefeituras dependem exclusivamente dos recursos deste Fundo. “Eles foram enganados por Dilma e pelo PT”, lamentou. Ele avalia que a marcha será de protesto, haverá muita gritaria, mas infelizmente, o governo federal tem muito pouco ou quase nada a oferecer aos prefeitos.
Segundo balanço da CNM a queda nos repasses financeiros para as cidades foi em torno de 15%. O FPM deveria ter recebido R$ 91,3 bilhões para liberar aos municípios, mas o valor fechou em R$ 84,2 bilhões, o que equivale a R$ 7 bilhões a menos. “A situação dos municípios vai se agravando e os prefeitos estão muito preocupados pela situação de extrema penúria”, disse o deputado Marco Tebaldi (SC). Segundo ele, o responsável por esse conjunto – crise econômica, política e ética – têm nome e endereço: é governo do PT.
Sem repasse, prefeitos paralisaram obras importantes. “São R$ 36 bilhões em obras inacabadas, perdidas, o que é um escândalo”, afirma o presidente da CNM, Paulo Ziulkoski. Segundo ele, são obras prometidas — desde calçamento, duplicação de vias, construção de escolas e postos de saúde — que não serão entregues. “O governo federal atrasou tudo e não paga nem os recursos de custeio”, disse ele.
Muitas cidades enfrentam dificuldades até mesmo para pagar os salários e a previdência dos funcionários. “Os prefeitos estão optando em pagar a folha, mas em compensação não pagam a previdência, que está virando um buraco. Dois mil municípios têm fundos de previdência, mas não transferem nem a parte dos próprios empregados, que é retida na folha. Isso bagunçou tudo e não dá para saber onde vai terminar”, lamentou Zilkoski.
Já o deputado Rocha (AC) diz que já passou da hora de repactuar o pacto federativo. Ele ressalta a crise real dos municípios, que sofrem com a redução de receita e aumento de atribuições. “Hoje os prefeitos têm uma carga muito grande de responsabilidade, sem a receita devida. E a União fica com a maior parte do bolo tributário. É por isso que estamos com quase todos os municípios falidos”, alertou.
(reportagem: Ana Maria Mejia/foto: divulgação)
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