Fim da linha
Placar do impeachment: pedido de afastamento já tem 349 votos favoráveis na Câmara
A quatro dias da votação que pode dar fim a seu governo, a presidente Dilma vem colecionando derrotas. Declarações de apoio ao impeachment chegam por todos os lados: de entidades nacionais a partidos até então ligados à base governista. Lideranças se reuniram na tarde desta quarta-feira (13) para fazer o levantamento dos votos e a previsão é de 349 deputados favoráveis ao impeachment.
“Temos hoje, mais do que garantidos, 349 deputados que declararam que vão votar a favor do impeachment. A presidente descumpriu a Constituição, cometeu crime de responsabilidade, e a consequência é o que estamos vendo no país”, afirmou o líder do PSDB na Câmara, Antonio Imbassahy (BA). A análise do relatório favorável à abertura do processo contra a petista começa na sexta-feira (15), às 8h55, e só deve terminar na noite de domingo (17).
A debandada dos partidos tem sido intensa nas últimas horas. Ontem, o PP decidiu que votará a favor do processo. A bancada do PRB também vai se posicionar favorável. Nesta quarta-feira (13), o líder do PSD e presidente da comissão especial, Rogério Rosso (DF), disse que a “ampla maioria” dos deputados da sigla vai votar pelo afastamento.
A Confederação Nacional do Transporte (CNT) divulgou nota de apoio ao impeachment. Após ouvir as lideranças e sua base, a instituição considerou que a incapacidade administrativa da presidente afetou diversos setores. “A incapacidade da presidente e do seu governo em solucionar a grave crise econômica que assola o país, com reflexos danosos ao setor transportador brasileiro e empregos”, diz trecho do texto.
DO SUL AO NORTE
O 1º secretário da Câmara, Beto Mansur (PRB-SP), anunciou detalhes da votação. Serão chamados nominalmente os deputados da Região Sul, passando pelas demais até se chegar à Região Norte; dentro de cada estado, a chamada seguirá a ordem alfabética dos nomes dos deputados.
A decisão da Mesa é correta e segue o Regimento Interno da Casa, avaliou o deputado Caio Narcio (MG). Para Domingos Sávio (MG), a interpretação da norma foi acertada. Segundo ele, a última votação realizada nesse formato começou com o Norte. “Agora é o momento de se fazer iniciando-se pelo Sul até o Norte”, explicou.
CLIMA DE DESESPERO
Da tribuna, Rocha (AC) chamou a atenção para o clima de desespero que bateu no PT. “No domingo o Brasil vai iniciar uma nova fase, se livrando da corrupção desses 13 anos da era PT”, afirmou.
O tucano exibiu a foto de um Fiat Elba, veículo que simbolizou a queda de Fernando Collor em 1992. “Só o rombo na Petrobras soma mais de R5 500 bilhões, o que daria para comprar 17 milhões de unidades desse carro”, comparou.
O deputado Artur Virgílio Bisneto (AM) disse, em discurso, que não dá mais para o povo brasileiro assistir suas vidas sendo lançadas ao relento para manter um projeto de poder de um partido. Segundo ele, Dilma não tem política pública para tirar o Brasil da inércia. O 1º vice-líder da Minoria desafiou alguém do governo a mostrar quando falaram sobre uma agenda positiva para a nação nos últimos meses.
“Ao contrário, só falam sobre golpe, que impeachment é golpe. Pregam isso para tentar convencer de uma mentira a maioria esmagadora da sociedade que é a favor do processo. Não dá mais para continuar com esse governo. No domingo vou estar esperançoso com o futuro do país. Adeus, a Dilma Rousseff, que tanto mal fez ao país”, disse.
O discurso de “golpe” dos governistas foi rebatido pelo deputado Bonifácio de Andrada (MG), em comunicação de Liderança na tribuna. Segundo o tucano, a história política mostra que sempre houve mudança de governo. Além disso, o impeachment é uma luta contra os crimes de responsabilidade cometidos pela presidente. “O impeachment é contra todas aquelas deficiências que tem o atual governo e os escândalos e mais escândalos a que estamos assistindo, ouvindo e tendo conhecimento”, completou.
O deputado Caio Narcio (MG) criticou a atuação dos partidos que chamou de “puxadinhos” do PT. O tucano apontou que algumas legendas têm abrigado ex-petistas que, têm defendido mais o governo do que o advogado-geral da União, José Eduardo Cardozo, ou do que os próprios petistas. Para ele, tais parlamentares tentam se camuflar e demonstrar uma moral seletiva, de acordo com a conveniência. “São petistas de carteirinha e estão fazendo um desserviço ao país. Eles defendem o indefensável”, disse. Segundo ele, a principal defesa desses congressistas é contra o impeachment.
PERÍCIA MÉDICA
Na tentativa de esvaziar o plenário da Câmara no dia da votação, o governo tenta convencer parlamentares a se ausentarem da sessão. Deputados da oposição, no entanto, estão de olho na tática e apresentaram uma questão de ordem pedindo que os ausentes que alegarem problemas de saúde sejam submetidos a exame do Departamento Médico da Casa.
Caso os médicos da Câmara não confirmem os problemas de saúde, a oposição defende que esses deputados respondam a processo de cassação dos seus mandatos por quebra de decoro no Conselho de Ética da Casa, sob alegação de fraude no processo de votação.
Para o deputado Vitor Lippi (SP), o controle sobre os ausentes é necessário diante do acovardamento de alguns parlamentares que pensam em não votar. “Isso é um golpe sujo contra o Brasil e os brasileiros. O deputado tem responsabilidade de se posicionar a favor ou contra o impeachment. Incentivar a ausência e estimular o acovardamento das posturas e da presença, do enfrentamento da questão, sem dúvida, é mais uma irresponsabilidade, mais uma demonstração de inconsequência, de ausência de compromisso ético”, afirmou.
(Da redação/ Fotos: Alexssandro Loyola)
Deixe uma resposta