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Atraso nas obras do PAC afetou desenvolvimento da economia, alertam deputados
Deputados do PSDB afirmaram nesta quarta-feira (6) que a ineficiência e a lentidão do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) são fatores que têm travado a economia brasileira. Para os tucanos, se as obras tivessem sido concluídas no tempo previsto, o país estaria com seu desenvolvimento avançado.
Para o deputado Vanderlei Macris (SP), o Brasil é um país que precisa de crescimento na área de infraestrutura. No entanto, essa não é uma preocupação do governo. “O governo se coloca incompetente para gerenciar o destino do país, principalmente com o PAC, que foi a bandeira mais importante levantada pela presidente Dilma, se colocando como ‘a mãe do PAC’, que se revelou mentirosa. A realização de apenas 16,8% dessas obras dá uma demonstração clara da falta de preocupação do governo do PT com o destino do país”.
Segundo levantamento da Inter.B Consultoria , apenas 16,8% das pouco mais de 29 mil obras anunciadas nas duas etapas foram concluídas no período previsto. De acordo com o estudo da consultoria internacional de negócios, com o ex-presidente Lula, o PAC executou 9,3% de 16.542 ações até 2010. Sob o comando da “mãe do PAC”, o índice de execução atingiu 26,7% até o fim de 2014. No entanto, de cada dez obras do PAC 2, seis são “herança” do PAC 1.
Desconsiderando as obras de saneamento, a parcela de obras executadas nas duas etapas sobe para 25,4% (PAC 1, entre 2007 e 2010) e 35,9% (PAC 2, entre 2011 e 2014). O estudo foi apresentado nesta quarta-feira (6) em seminário do setor de infraestrutura na Câmara dos Deputados.
Macris ressalta que o governo provocou a tragédia da má gestão. Para o tucano, quando é feito um planejamento de desenvolvimento do país com foco na infraestrutura, os investidores tendem a fazer também suas aplicações.
“Todos se animaram com o ‘Brasil do futuro’, vendido de maneira mentirosa. Os investidores se sentiram no engodo, pois houve uma mentira nas ações que o governo se propôs a praticar e não foi capaz de realizar. Esse é o Brasil da mentira, que foi usado a serviço de um partido político e não a serviço da sociedade”, criticou Macris.
Por sua vez, o deputado Pedro Vilela (AL) afirma que essa é mais uma prova da falta de capacidade do governo em todos os aspectos, seja no planejamento, na gestão ou na execução. “Temos um governo que gere mal, paneja mal e não sabe escolher suas prioridades e a consequência é essa. O que é importante fazer eles não priorizam”. O parlamentar destaca que o governo deveria se concentrar no que é mais importante, como investimento em infraestrutura , principalmente num momento de recessão.
Os economistas Cláudio Frischtak e Julia Noronha, que coordenaram o estudo, afirmam: “Pode-se assim concluir que houve uma significativa ineficiência no que tange à aplicação dos recursos nas obras do PAC de infraestrutura. Uma vez que grande parte das obras do PAC 1 teve continuidade com o PAC 2, é possível inferir que os projetos sofreram de modo geral atrasos sistemáticos, implicando na baixa execução do programa. Além disso, chama atenção a recorrente revisão de custos de algumas obras”.
O levantamento foi feito com base em 20 empreendimentos mais significativos do programa. Entre eles, Angra 3, a ferrovia Transnordestina e o metrô de Belo Horizonte. O impacto para a economia considera um desembolso total de R$ 86,1 bilhões (PAC 1) e R$ 152,9 bilhões ( PAC 2).
O PAC continua patinando. O programa que engloba investimentos nas mais diversas áreas teve apenas 3,73% de execução no primeiro trimestre inteiro: foram pagos pouco mais de R$ 1 bilhão num universo de mais de R$ 31 bilhões destinados ao programa.
(Reportagem: Elayne Ferraz/ Foto: Alexssandro Loyola)
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