Fim de feira


Vice-líder do PSDB denuncia compra de votos contra o impeachment em troca de vantagens 

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O 1º vice-líder do PSDB na Câmara, deputado Daniel Coelho (PE) fez, nesta quarta-feira (30), um duro discurso na tribuna, no qual denunciou que o governo está tentando comprar votos de deputados contra o impeachment em troca de vantagens, como cargos e ministérios. “Onde está a vergonha deste governo, que está negociando abertamente a compra de votos contra o impeachment? Até a Funasa, a Fundação Nacional de Saúde, foi colocada na mesa! A saúde do povo pobre brasileiro colocada numa mesa de negociação para comprar voto de deputado contra o impeachment! É uma vergonha o que está acontecendo em Brasília”, condenou.

O parlamentar condenou a tentativa de se comprar o Congresso com o dinheiro do povo brasileiro”. “Como é que um cidadão decente ainda defende um governo que tem esse tipo de prática? Eles perderam completamente a noção. E essa negociação não é feita com critério não. É simplesmente assim: ‘o que tiver de pior, o que tiver de mais retrógrado e mais atrasado e mais conservador, venha pro nosso governo’. O que estão dizendo é que quem juntar três votos, três deputados, ganha um ministério. Cheio de cargos e de verba”.

O governo quer redistribuir os mais de 500 cargos que eram ocupados pelo partido até o rompimento com o Planalto para cooptar deputados a votarem contra o impeachment. O “patrimônio” deixado pelo PMDB tem sete ministérios e cerca de 700 cargos. Na mira do governo do PT, estão integrantes de partidos como PP, PSD e PR.

Com essa reorganização do ministério, a presidente espera reunir pelo menos 172 votos, número necessário para barrar o processo de impeachment em tramitação na Câmara. Se conseguir isso, desempenho considerado difícil no quadro atual, ela se disporia a comandar um governo com minoria, mas com base mais estável.

O quebra-cabeça foi discutido nessa terça-feira no Palácio da Alvorada, em reunião da presidente Dilma com o ex-presidente Lula e com os ministros Ricardo Berzoini e Jaques Wagner, que também anunciou que Dilma está sendo aconselhada a definir as mudanças na equipe até a próxima sexta-feira.

Segundo Daniel, este balcão de negócios é responsável pelo mensalão, pelo petrolão e pelo estado de corrupção que destruíram moralmente o governo. “A população está atenta. A essa altura do campeonato é puro desespero, inclusive de quem aceitar participar desse tipo de negociata. É importante que a imprensa, a oposição e as pessoas que estão mobilizadas denunciem a cooptação que está havendo nesse momento”, justificou.

De acordo com o Instituto Teotônio Vilela (ITV), não há mais um pingo de convicção ou de conteúdo programático nos apelos do PT em prol da sustentação de Dilma. De resto, quase nunca houve. Sobraram explícitos apenas o fisiologismo, o clientelismo e a corrupção que marcam o presidencialismo de coalizão protagonizado pela presidente da República e seu partido.

Segundo o instituto de mobilização política do PSDB, Dilma assume o papel de vendedora que rifa produtos que sobraram no fim da feira. “Vende-os pelo preço que o cliente está disposto a pagar, na bacia das almas. Mas na hora da xepa em geral só sobra fruta podre. É este folhetim que a presidente ainda protagoniza, embora por pouco tempo mais”, diz o ITV.

À tarde, em plenário, Daniel Coelho e o deputado Caio Narcio (MG) denunciaram a articulação já em curso na Câmara para tentar comprar o apoio de parlamentares. Segundo Narcio, é como se o Brasil estivesse sendo liquidado na porta do Palácio do Planalto. “Estão gritado: ‘troca-se um cargo por um voto contra o impeachment, ou por uma ausência. Fazem de tudo para manter um governo que já tem data para acabar”, apontou.

Segundo alertaram os deputados, vários parlamentares já estão sendo abordados recebendo oferta de participação no governo para preencher os cargos deixados pelo PMDB. A nova oferta apresentada pelos interlocutores do Planalto, segundo eles, é para que os deputados aceitem o espaço no governo e, em troca, faltem no dia da votação do impeachment.  “É uma negociação nojenta, inadmissível. Quem quiser defender esse governo corrupto e incompetente que o faça, mas apareça e vote. Se esconder atrás de atestado médico ou de falta não se pode admitir”, refutou Daniel. 

(Reportagem: Elayne Ferraz com assessoria do deputado/ Foto: Alexssandro Loyola) Texto atualizado às 18h54

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30 março, 2016 Últimas notícias Sem commentários »

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