Fugindo da prisão
Oposição anuncia ação popular para barrar nomeação do ex-presidente Lula como ministro
Líderes da Oposição na Câmara anunciaram ação popular em desfavor da presidente Dilma para impedir a nomeação de Lula a um cargo no governo federal com status de ministro. Com apoio de mais de 40 movimentos sociais, os parlamentares levarão a ação aos 26 estados brasileiros e ao Distrito Federal. Se o pedido for acolhido, Dilma responderá por crime de desobediência caso insista na estratégia de abrigar Lula na Esplanada.
Os líderes alegam que uma possível nomeação de Lula significaria desvio de finalidade e fraude à lei. O ex-presidente é alvo de investigações da Operação Lava Jato e teve um pedido de prisão preventiva feito pelo Ministério Público de São Paulo. Na última semana, promotores apresentaram denúncia contra Lula pelos crimes de lavagem de dinheiro e falsidade ideológica. Segundo o MP, a prisão de Lula seria necessária para impedir que o ex-presidente destruísse provas e agisse para evitar determinações judiciais.
“Estamos atravessando o fim melancólico de um governo decepcionante. Dilma revelou-se uma fraude criada por Lula. Agora, numa cumplicidade criminosa, a presidente quer nomear Lula apenas para que ele possa ter foro privilegiado”, explicou o líder do PSDB na Câmara, Antonio Imbassahy (BA), durante coletiva de imprensa nesta terça-feira (15)
CADEIA À VISTA
A decisão sobre a prisão do petista está nas mãos do juiz Sérgio Moro. Diante da real possibilidade de ir para a prisão, o ex-presidente decidiu se refugiar no foro privilegiado garantido aos ministros de Estado. O objetivo de Lula e Dilma é evitar que o processo corra na 13ª Vara da Justiça Federal de Curitiba (PR), onde tramitam as ações da Lava Jato.
“O ápice deste processo de blindagem de Lula passa pela vontade manifesta da presidente da República de nomeá-lo para exercer o cargo de ministro de seu governo, dando a este a possibilidade de escolher a pasta que gostaria de ocupar, demonstrando que o real motivo da referida nomeação seria dar ao ex-presidente o abrigo da prerrogativa de função”, diz trecho da ação popular.
Na ação, os parlamentares justificam que a jogada dos petistas é uma inegável tentativa de ajudar Lula a escapar dos inquéritos e direcioná-los ao Supremo Tribunal Federal (STF). Os líderes destacam que, com a indicação, Dilma se utilizaria da prerrogativa de indicar os integrantes do governo em benefício próprio. “No fundo, Lula está fugindo de Sérgio Moro e, Dilma fazendo de tudo para não ter o impeachment”, afirmou Imbassahy.
GREVE GERAL
Carla Zambelli, representante de 47 movimentos sociais, anunciou que já existe a possibilidade de uma paralisação geral dos empresários se Lula for nomeado ministro. Mais de 11 mil empresários, segundo ela, já se cadastraram para participar em protesto contra a entrada do petista no Executivo. “Os empresários e a população não deixarão que isso aconteça”, disse Carla.
Já Renan Santos, do Movimento Brasil Livre, agradeceu aos milhões de brasileiros que saíram às ruas no último domingo. Ele avalia o 13 de março como a maior manifestação da história nacional. “Hoje nós somos uma força única, um rolo compressor que vai passar por cima do maior escândalo de corrupção da história do Brasil”, frisou.
OBSTRUÇÃO DA JUSTIÇA
De acordo com o deputado Lobbe Neto (SP), a oposição vai agir em conjunto para barrar a nomeação. “A nomeação de Lula é uma manobra para atrapalhar a investigação da Operação Lava Jato e tirar das mãos do juiz Sérgio Moro a condução dos trabalhos”, destacou.
Na avaliação do parlamentar, além do privilégio, a nomeação do petista significaria obstrução da Justiça. “Se concretizada essa atitude, seria confissão de culpa e tentativa de blindagem diante de investigações que podem levar o líder petista à cadeia”, finalizou o tucano.
(Reportagem: Elisa Tecles/ Foto; Alexssandro Loyola/ Vídeo: Hélio Ricardo)
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