Governo chega ao fim


Força das ruas impulsiona ações pelo afastamento da presidente Dilma, dizem tucanos

Segundo os organizadores, 2,5 milhões de pessoas lotaram a Avenida Paulista, em São Paulo.

Segundo os organizadores, 2,5 milhões de pessoas lotaram a Avenida Paulista, em São Paulo.

A força dos protestos de domingo (13) impulsiona ainda mais o afastamento da presidente Dilma. Deputados do PSDB que estiveram nas manifestações acreditam que a maciça e inédita adesão de brasileiros ao movimento contra Dilma, Lula e o PT reforça a pressão pelo impeachment da petista e mostra que, definitivamente, o país não vai mais tolerar um governo corrupto. Os parlamentares acreditam que as instituições cumprirão com seu papel e, dentro da lei, farão com que a vontade do povo e a justiça prevaleçam.

O líder tucano na Câmara, Antonio Imbassahy (BA), esteve na Avenida Paulista, em São Paulo, e declarou que o Congresso não pode fugir de sua responsabilidade com o país. “As ruas de todo o Brasil deram o recado, nas maiores manifestações já vistas: querem a saída da presidente Dilma, que cometeu crime de responsabilidade, mentiu e se beneficiou do petrolão. Agora, cabe ao Congresso Nacional atender a esse chamado e acelerar o processo de impeachment. Os brasileiros estão atentos e não darão uma segunda chance aos parlamentares que faltarem com sua responsabilidade”.

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No mesmo sentido, o deputado Rossoni (PR) afirmou que os protestos acordaram e pressionaram todas as instituições para que, nos próximos dias, o processo de impeachment seja acelerado. Para ele, o grito das ruas é um recado para que a Justiça defina o quanto antes o rito da tramitação na Câmara. O deputado disse que, após o depoimento de Lula à Polícia Federal, até mesmo aliados do PT e do PMDB se movimentarem a favor da saída da presidente. “Certamente o impeachment vai acontecer rapidamente. Em 45 dias, com o povo mobilizado, nós vamos chegar ao objetivo de libertar o Brasil desta facção criminosa”, afirmou.

O Supremo Tribunal Federal julga na quarta-feira (16) o recurso apresentado pela Câmara que questiona três pontos da decisão tomada pelos ministros do STF em plenário, no final do ano passado: os vetos à chapa alternativa e ao voto secreto para eleição da comissão especial do impeachment e, por último, a decisão de dar ao Senado poder para rejeitar o processo.

Após a conclusão da análise pela Suprema Corte e formada a comissão especial, em 48 horas serão escolhidos o presidente e o relator. Em 15 sessões do plenário da Câmara, o parecer é votado no colegiado. Passadas as 15 sessões, o parecer é encaminhado ao presidente da Câmara, que faz sua leitura e encaminha o documento para publicação no Diário Oficial do dia seguinte. Quarenta e oito horas depois, o parecer é incluído na Ordem do Dia para votação aberta, com chamada nominal no plenário da Casa. São necessários 342 votos (2/3 do total) para que o processo seja encaminhado ao Senado. Lá, ele precisa de maioria.

RESPOSTA TÍMIDA
Pela primeira vez o Palácio do Planalto foi mais discreto em relação às manifestações. Se no passado ministros foram convocados para fazer pronunciamentos sobre os protestos e minimizá-los, desta vez o governo se limitou a emitir uma nota de quatro linhas destacando que “a liberdade de manifestação é própria das democracias”.

Para os deputados Raimundo Gomes de Matos (CE) e Luiz Carlos Hauly (PR), até mesmo o governo já se conformou que a voz das ruas é praticamente unânime no desejo pelo fim do governo Dilma.  

“A manifestação de milhões de brasileiros deixou claro que o povo não tolera e não admite mais esse governo. Parece que a presidente começou a entender isso”, disse Hauly. “Isso mostra que a população não se deixa mais enganar pelo discurso fácil do PT”, apontou Gomes de Matos.

Na avaliação dos deputados, essa força da mobilização do histórico dia 13 de março vai refletir diretamente na decisão de cada parlamentar pelo impedimento da presidente. “Agora é importante que, nos estados, as pessoas acompanhem seus parlamentares, observem onde estão, o que têm feito, façam corpo a corpo nos aeroportos para cobrar um posicionamento”, alerta o deputado cearense.

Vice-presidente do PSDB, a deputada Mariana Carvalho (RO) disse estar feliz com a repercussão das manifestações. Segundo afirmou, o povo precisa continuar unido em torno de combater um mal maior, que é a corrupção. “Estou no Congresso fazendo a minha parte e vamos continuar unidos para que essas mudanças aconteçam. Quero representar a voz das ruas e do povo brasileiro”, disse em vídeo postado em seu Facebook.

VONTADE DAS RUAS
Max Filho (ES)
 afirmou que a força das ruas deverá pressionar ainda para que a Comissão Mista de Orçamento repense a análise das contas de 2014 do governo Dilma. O colegiado é responsável por aprovar ou reprovar a prestação de contas apresentada pela presidente. “Os parlamentares que queriam aprovar as contas do governo precisam repensar suas posições, se é que temem o povo”, apontou.

Para ele, o impeachment é um processo inevitável, principalmente por força das ruas, já que alguns parlamentares ainda ignoram os erros cometidos pela presidente e a vontade popular. “Esse processo de instalação do impeachment é inevitável. Muito mais pela força das ruas do que pela boa vontade dos congressistas”, assinalou Max. Na Câmara, após abertos os trabalhos da comissão especial do impeachment, acredita-se que em cerca de 40 dias o processo deve ser concluído.

LULA MINISTRO
Os deputados também comentaram o convite feito por Dilma para que o ex-presidente Lula – um dos alvos dos protestos – assuma um ministério no governo. Para os tucanos, isso, além de representar uma confissão de culpa, mostra quão perdido está o governo. Lula é alvo da Operação Lava Jato e de um inquérito que corre no Ministério Público de São Paulo. O petista teve um pedido de prisão expedido – que aguarda decisão judicial para ser cumprido ou arquivado. “Será uma confissão de culpa e vai acelerar o fim desse governo”, aponta Hauly.

Para Gomes de Matos, há ainda outra possibilidade. Como ministro, Lula poderá ser convocado a qualquer momento para prestar depoimento no Congresso, seja nas comissões temáticas ou no plenário.  “Aí teremos mais uma forma de desmascarar a corrupção”, alerta o tucano.

(Reportagem: Djan Moreno/ Foto: PSDB/ Áudio: Hélio Ricardo)

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14 março, 2016 Últimas notícias Sem commentários »

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