Causa nobre
Oposição suspende obstrução para aprovar projeto que autoriza uso da “pílula do câncer”
A bancada do PSDB na Câmara abriu uma exceção ao movimento de obstrução por uma causa nobre: a votação do PL 4639/16, que autoriza a produção e o uso da fosfoetanolamina sintética a pacientes com câncer. O objetivo dos parlamentares com a obstrução dos trabalhos é a rápida instalação da comissão especial que analisará o processo de impeachment de Dilma.
Para Domingos Sávio (MG), o PL estabelece, com responsabilidade, a possibilidade de uso da substância. “É indiscutível que a situação do câncer requer um enfrentamento com o uso de todas as alternativas que a ciência possa dispor para salvar essas vidas”, disse. Os deputados Lobbe Neto (SP) e Eduardo Barbosa (MG) foram elogiados pela atuação em prol da proposta.
O deputado Caio Narcio (MG) destacou que, apesar dos problemas políticos, os parlamentares conseguiram se unir para aprovar um tema essencial. “Hoje o Parlamento sai maior”, comemorou.
A substância fosfoetanolamina ganhou um grande destaque a nível nacional no final do ano passado em função de seu possível potencial de utilização no combate ao câncer. Pesquisadores vinculados ao Instituto de Química de São Carlos, da Universidade de São Paulo, conseguiram desenvolver uma via de síntese laboratorial dessa substância naturalmente encontrada no corpo humano e passaram a distribuir o produto da síntese para doentes que não mais dispunham de alternativas terapêuticas eficazes contra os cânceres.
Muitos pacientes viram na fosfoetanolamina a esperança final, a última opção na tentativa de frear o crescimento dos tumores, melhorar a qualidade de vida, ou até a cura. A votação foi possível depois de um acordo para que o PL da “pílula do câncer” fosse o único a ser apreciado no dia. A proposta seguiu para apreciação do Senado.
AGILIDADE NO IMPEACHMENT
Anunciada na última sexta-feira (4) pelo presidente do PSDB, senador Aécio Neves (MG), a obstrução aos trabalhos foi a medida encontrada pela oposição para cobrar agilidade na apreciação do pedido de impedimento de Dilma.
Para o líder do PSDB na Câmara, Antonio Imbassahy (BA), a crise política que atingiu o governo federal e gerou prejuízos a todos os brasileiros é o principal assunto a ser tratado pelo Congresso Nacional. “O que há de mais importante para ser debatido é a crise, a crise política, a economia, a tragédia do desemprego, a falta de rumo do país, as revelações da Operação Lava Jato”, explicou.
O deputado Daniel Coelho (PE) explicou que o país não vive um momento de normalidade, por isso as atenções devem se voltar à maior crise econômica da história do país. “É uma obstrução política, para que esta Casa debata o tema mais importante no Congresso neste momento, que é o impeachment. Vamos virar essa página! E, quem sabe, sem o PT, tentar reconstruir o Brasil”, defendeu.
A gestão do PT levou o país a um cenário de corrupção, desemprego crescente, inflação alta e empresas fechando, explicou Samuel Moreira (SP). Uma das consequências do desgoverno é o ambiente político travado, avalia o tucano. “Se nós queremos mudar o ambiente da política, só há uma possibilidade, os políticos precisam resolver. E não há outro caminho, senão decidirmos o impeachment da presidente”, completou. Moreira lembra que a questão do ex-presidente Lula será resolvida pelo Judiciário, mas o lado político requer atuação do Congresso.
O governo Dilma vive uma crise terminal, alertou o deputado Marcus Pestana (MG). Na avaliação do tucano, não se trata mais de preferências pessoais ou partidárias: a realidade é que a petista perdeu as condições de liderar a nação. “São as instituições democráticas e republicanas que gerarão a saída, que é uma necessidade histórica. É através da democracia que nós vamos responder, com a renovação que o país exige para superar essa profunda crise”, comentou.
VEM PRA RUA
Deputados convidaram os brasileiros a saírem às ruas nas manifestações do próximo domingo. “Vamos, no dia 13, às ruas defender legalmente e constitucionalmente aquilo que o povo deseja: o impeachment”, afirmou Jutahy Junior (BA). Por sua vez, Geovania de Sá (SC) cobrou a renúncia da presidente. “Se a presidenta não fizer esse gesto de grandeza ao país, nós, cidadãos deste país, vamos às ruas porque temos a esperança de ter um país melhor”, finalizou.
(Da redação/ Foto: Alexssandro Loyola)
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