Vem pra rua!
Oposição formaliza apoio a manifestações pelo impeachment da presidente Dilma
Líderes de partidos da oposição, integrantes de legendas independentes e até mesmo da base governista anunciaram nesta terça-feira (23) a criação de um comitê pró-impeachment para organizar ações pelo afastamento da presidente Dilma. Os parlamentares participaram de reuniões com representantes de movimentos sociais e decidiram formalizar o movimento, que estava sendo articulado e foi impulsionado pela prisão do marqueteiro do PT, João Santana, acusado de ter se beneficiado do esquema de corrupção da Petrobras.
“O país não pode ficar submetido a uma agenda que não é tão importante. O importante é decidir o impeachment. As novas denúncias e a prisão do Santana tomaram, novamente, de comoção, o país. Ele não é só o marqueteiro da Dilma, mas seu conselheiro. Reforçam politicamente o pedido de impeachment”, afirmou o líder do PSDB na Câmara, Antonio Imbassahy (BA).
O líder da Oposição, deputado Miguel Haddad (SP), disse que as manifestações contra o governo nasceram nas ruas. “As manifestações começaram com movimentos sociais. Nesse momento os partidos políticos, os líderes, têm sido chamados a integrar os movimentos para potencializar as ações. O comitê vem dentro desse contexto, para darmos organicidade e ampliarmos os movimentos e para ajudar na estrutura e visibilidade”, explicou.
Durante as reuniões que ocorreram na Câmara e no Senado, os partidos decidiram que irão apoiar a manifestação nacional a favor do impeachment convocada para o dia 13 de março. Depois dos encontros, o manifesto do comitê foi lido em plenário pelo líder do PPS, Rubens Bueno (PR). “Somente a saída dela abrirá caminho para voltarmos a trilhar o rumo do desenvolvimento. Convocamos a todos que lutam por um Brasil melhor que saiam às ruas no dia 13 de março para exigirem a saída de Dilma e do PT do governo”, diz trecho do texto lido pelo parlamentar, que aponta ainda o atual desastre econômico e lembra a afirmação de Dilma de que faria “o diabo” para ganhar a eleição.
Assinam a nota PSDB, DEM, PPS, PV e Solidariedade. Membros de outros partidos, representantes de movimentos sociais, entidades sindicais e empresariais podem aderir ao comitê. Os movimentos Vem pra Rua e Brasil Livre e a Aliança Nacional dos Movimentos Democráticos, composta por 43 movimentos sociais, participaram das discussões.
Haddad destaca que um dos motes do comitê pró-impeachment é a frase: “Ou você vai ou ela fica”, que faz menção à importância de os cidadãos irem às ruas cobrar o afastamento da presidente Dilma. “Se as pessoas não forem às ruas, a presidente pode permanecer no cargo e ela não tem condições para isso. Ela não tem proposta para o país, o quadro se agrava com desemprego, problemas sociais e inflação. É um quadro grave e que tende a piorar. Por isso é importante apoiarmos os movimentos e termos as pessoas nas ruas cobrando o afastamento da presidente”, alertou.
Em entrevista coletiva, o presidente nacional do PSDB, senador Aécio Neves (MG), disse confiar que as manifestações do dia 13 serão muito consistentes e representativas e reforçou que os partidos de oposição decidiram que caminharão juntos e darão todo apoio às manifestações organizadas por movimentos da sociedade civil, conclamando os cidadãos em todo país.
FRENTE NO TSE
Os parlamentares lembram que o impeachment é uma das frentes para tirar Dilma do governo. A outra frente é no TSE, onde uma ação proposta pelo PSDB pede a cassação da chapa Dilma-Temer por irregularidades na campanha. Como lembra Haddad, as provas contra a dupla se tornaram ainda mais contundentes com a decretação da prisão do marqueteiro da campanha petista, João Santana, expedida pela Justiça.
“Nesse tabuleiro, cada dia cai um peão novo. Só temos a rainha em pé. Mas, as denúncias mostram a verdade e o beneficio dela nessas doações ilegais, que tiveram vestimenta de legalidade, mas saíram do poder público indo para a campanha”, ressaltou.
Quanto ao impeachment, os parlamentares discutiram ainda a tramitação do processo no Congresso, que voltou à estaca zero por decisão do Supremo. A oposição decidiu pedir audiência ao presidente do STF, Ricardo Lewandowski, e cobrar a votação dos embargos sobre o rito processual.
O líder Imbassahy reafirmou a importância de pedir que a corte acelere a votação, o que permitirá a instalação da comissão do impeachment na Câmara. Para ele, embora o pedido trate do crime de responsabilidade de Dilma e se baseie nas chamadas “pedaladas fiscais” e na rejeição das contas de governo de 2014 pelo Tribunal de Contas da União (TCU), as novas denúncias da Lava Jato reforçam politicamente o processo na Câmara.
(Reportagem: Djan Moreno, com agências/ Fotos: Alexssandro Loyola/ Áudio: Hélio Ricardo)
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