Silêncio inoportuno
Marcus Pestana lamenta silêncio de presidente da Engevix na CPI dos Fundos de Pensão
O presidente da empreiteira Engevix, José Antunes Sobrinho, permaneceu calado em audiência na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) dos Fundos de Pensão nesta terça-feira (23). O empresário, que cumpre prisão em regime domiciliar desde dezembro de 2015, é acusado de corrupção e lavagem de dinheiro na mesma ação em que o ex-ministro da Casa Civil, José Dirceu, é réu. No habeas corpus apresentado por seu advogado, ele justifica que está em negociação para delação premiada.
O deputado Marcus Pestana (MG) lamentou o silêncio do empresário. Ele acredita que, de qualquer forma, Ministério Público, Polícia Federal e poder Judiciário continuarão a investigar “essa trama macabra que prejudicou aposentados e pensionistas dos Correios, Caixa Econômica Federal, Banco do Brasil e Petrobras”.
Segundo o parlamentar, a Engevix ocupou um papel central num dos casos que a CPI já desvendou. “Ela atuou no setor elétrico, por meio das empresas Servix, Desenvix e Belo Monte e no setor petróleo, com a Sete Brasil”, afirmou.
A Engevix é acusada de corrupção ativa e formação de cartel pela Operação Lava Jato. Ela é ex-controladora da Desenvix, empresa que recebeu investimentos do fundo de pensão da Caixa Econômica Federal, a Funcef.
No ano passado, a Desenvix foi comprada por uma empresa norueguesa (Statkraft), mas a Funcef permaneceu dona de 18% da companhia, que tem entre seus ativos seis usinas hidrelétricas, além de participações em outras quatro hidrelétricas, um complexo eólico na Bahia e outro em Sergipe. O negócio com a Engevix rendeu um prejuízo de R$ 1,5 bilhão para a Funcef.
Marcus Pestana diz ainda ser perceptível a interface de atores a exemplo do lobista Milton Paschovich, preso na Lava Jato, acusado de pagar propina em troca de contratos no valor de 3,4 bilhões de dólares do governo. Para ele, está muito claro o envolvimento de todos os personagens, a exemplo do ex-tesoureiro do PT João Vaccari Neto e do ex-ministro José Dirceu.
Ele compara a importância do depoimento de José Antunes Sobrinho, presidente do Conselho de Administração da Engevix, ao que seria o da presidente Dilma, na época em que atuou como presidente do Conselho Administrativo da Petrobras. “O Conselho é um órgão central na construção das estratégias empresariais”, disse, lamentando o silêncio do depoente.
PRORROGAÇÃO DOS TRABALHOS
Um pedido de prorrogação da CPI por mais 60 dias deve ser analisado pelo Plenário da Câmara. O prazo final dos trabalhos é 19 de março. O relator da comissão, deputado Sérgio Souza (PMDB-PR), avalia que a investigação pode avançar caso a prorrogação seja aprovada.
(Reportagem: Ana Maria Mejia/ Foto: Alexssandro Loyola)
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