Rombo bilionário
Apesar da blindagem petista, CPI dos Fundos de Pensão continuará investigações
A CPI dos Fundos de Pensão foi prorrogada por mais 60 dias, mesmo com a forte obstrução de deputados do PT que pretendiam encerrar os trabalhos, já em fevereiro. O requerimento da prorrogação venceu por 16 votos a 11. A oposição quer prosseguir as investigações e provar que houve má condução e irregularidades nos investimentos que causaram prejuízos aos fundos de pensão. Na avaliação do deputado Rocha (AC), o aprofundamento da investigação aponta na direção do Palácio do Planalto, e das campanhas políticas de Lula e Dilma.
“O PT insiste em blindar os seus aliados e impedir que a CPI cumpra o papel de apurar o que foi feito com bilhões dos fundos de pensão”, condena o parlamentar. Rocha ressalta a gravidade da situação diante do rombo de R$ 46 bilhões dos quatro fundos investigados pela CPI: Funcef (Caixa Econômica Federal), Postalis (Correios) Petros (Petrobras) e Previ (Banco do Brasil).
A conta considera números preliminares dos balanços anuais a serem divulgados nos próximos meses e dados dos conselhos fiscais das entidades. O rombo de R$ 46 bilhões é o déficit atuarial, ou seja, se o fundo fosse obrigado a pagar hoje todos os benefícios atuais e futuros, esse seria o tamanho da fatura.
Segundo Rocha, os empregados das estatais poderão arcar com parte desse prejuízo. Os trabalhadores dos Correios, por exemplo, têm que pagar, ou perder, 25% sobre o valor da aposentadoria. “Tudo por conta das gigantescas fraudes que ocorreram e sempre em fundos administrados por pessoas ligadas ao PT”.
Na reunião de quinta-feira, deputados petistas usaram manobras regimentais para adiar a votação do requerimento de convocação do ministro da Casa Civil (Jaques Wagner). O ministro deve ser convocado para explicar as mensagens interceptadas pela Polícia Federal entre Wagner e o ex-presidente da OAS Léo Pinheiro. Numa mensagem, enviada a Wagner, Léo Pinheiro cita a “demanda vinda dos fundos”.
Administração fraudulenta
O sub-relator para investimentos na CPI dos Fundos de Pensão, deputado Marcus Pestana (MG), indagou o presidente para América Latina e CEO no Brasil do Banco BNY Mellon, Eduardo Adriano Koelle, sobre o papel do banco nos prejuízos do Postalis. “Vimos coisas estarrecedoras, o BNY era o administrador desses investimentos”, ressaltou Pestana.
Koelle disse que a avaliação de risco não era responsabilidade do BNY, e sim dos gestores do fundo de pensão e de consultorias especializadas. “O BNY era apenas o fiduciário desses investimentos. Não posso fazer julgamento da estratégia de investimentos”, explicou.
Pestana, entretanto, questionou os controles da gestão operacional dos investimentos conduzidos pelo banco. “Vocês deveriam ser os guardiões das regras desses investimentos. Me causa estranheza um banco do porte do BNY permitir investimentos tão desastrosos”, disse o deputado.
Koelle prestou depoimento à CPI dos Fundos de Pensão nessa quinta-feira (18). O BNY Mellon é acusado de dar prejuízo ao Postalis, fundo de pensão dos Correios, que apresenta atualmente déficit de R$ 6 bilhões.
(Reportagem: Ana Maria Mejia/ Foto: Luis Macedo / Câmara dos Deputados)
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