Novas manobras

Tucanos criticam adiamento da leitura do relatório contra Eduardo Cunha no Conselho de Ética

Os deputados do PSDB que integram o Conselho de Ética da Câmara protestaram contra o adiamento da leitura do relatório que trata da admissibilidade do processo por quebra de decoro parlamentar contra o presidente da Casa, Eduardo Cunha (PMDB-RJ). O documento do relator, deputado Marcos Rogério (PDT-RO), será apresentado aos membros do conselho nesta quarta-feira (17). Hoje houve a primeira sessão do órgão após a decisão do primeiro vice-presidente da Câmara, Waldir Maranhão (PP/MA), de anular a votação que determinou a continuidade do processo, que se arrasta desde o ano passado.

Betinho Gomes (PE) avalia que o adiamento vai contra os anseios da população brasileira e deixa a Câmara numa situação delicada, pois não conseguiu tomar uma posição definitiva sobre o processo contra o presidente da Casa. O tucano ressaltou que Cunha foi notificado pelo procurador-geral da República, Rodrigo Janot, a se manifestar a respeito do pedido de afastamento do cargo.

“Esse é um tema escandaloso, que tem incomodado a opinião pública, mas parece que parte dos deputados não está sintonizada com as reclamações da população e com um padrão diferente de política. Faz vista grossa ou atenua suas posições para defender o presidente”, apontou Betinho.

De acordo com o deputado, o presidente da Câmara tem usado de sua força e da capacidade de atuação para retardar a decisão do Conselho de Ética. “Hoje retomamos o processo da estaca zero e, naturalmente, isso será mais desgastante para a Casa. Nós, que defendemos a abertura do processo contra Eduardo Cunha, vamos persistir até que ele avance”, sentenciou o tucano.

Betinho antecipou, ainda, que o PSDB recorrerá ao plenário caso o parecer do conselho não seja favorável à admissibilidade do processo. “A bancada do PSDB recorrerá ao plenário para que seja levado a voto. A gente precisa ter efetivamente realizado esse processo contra Eduardo Cunha”, concluiu.

ERRO LAMENTÁVEL
O deputado Nelson Marchezan Junior (RS) defendeu a leitura imediata do relatório. O tucano criticou a protelação e lembrou que o pedido de abertura do processo tem se arrastado no colegiado desde o início de novembro.  Segundo ele, tanto parlamentares do PT quanto aliados de Cunha querem atrasar o processo.

“A sociedade quer que a gente tome uma decisão. Mas vemos que há o grupo ligado a Cunha que não quer que a decisão seja tomada. Tem ainda o grupo do PT, que não quer também, pois aí o assunto se alonga e divide espaço na imprensa com as denúncias contra o governo. Há ainda quem esteja aqui por causa do espaço na mídia. Em meio a tudo isso, há quem vote de acordo com os interesses dos eleitores e que vote de acordo com os interesses do próprio bolso. Mas importa que seja colocado a voto e, em seguida, quem quiser que entre com recurso. Temos que dar à sociedade a resposta que ela espera”, defendeu.

A sugestão do tucano não foi acatada e mais uma vez a leitura foi adiada. Para Marchezan, esse foi mais um entre tantos erros já cometidos pelo Conselho de Ética desde que a ação contra Cunha teve início. Mais cedo, o líder do PSDB na Câmara, Antonio Imbassahy (BA), havia reiterado, em entrevista coletiva, que a oposição considera inadequada a permanência de Cunha na Presidência da Câmara.

(Reportagem: Djan Moreno com informações da Assessoria de Imprensa do deputado Betinho/ Fotos: Alexssandro Loyola)