Encarecidamente, Dilma, por Fabio Sousa
Vivemos a maior crise econômica da chamada Nova República, a maior desvalorização de nossa moeda na era Real e estamos à beira de uma depressão econômica, algo que não nos ocorria desde a década de 30. Pois bem, passou da hora da presidente perceber que a economia não vai bem, e por isso o conselho de James Carville, coordenador da campanha de Clinton em 92: “é a economia, estúpido!”. Por mais que não estejamos disputando eleições presidenciais este ano, se encaixa perfeitamente em nosso contexto.
Existem regras na economia mundial que não há nova matriz econômica que as possam quebrá-las. Duas são essenciais, no entanto nossa governanta não as percebeu ou não quer percebê-las.
Primeiro a regra da credibilidade. Só há investimento quando há credibilidade. Ninguém investe em um país se o governo perder a credibilidade. Estamos sem investimentos externos e internos porque Dilma e seus liderados, devido à incompetência, equívocos, mentiras e ainda uma comunicação totalmente incompreensível, perderam credibilidade.
E a segunda regra inquebrável, e não há socialismo no mundo que consiga destruir (aliás, se tem algo que historicamente nunca deu certo em nenhum lugar no mundo é o socialismo), é que a resolução de crises econômicas obrigatoriamente passa pelo crescimento econômico de suas nações e povos.
O Brasil não cresce, anda para trás. E o que é pior: perde as conquistas econômicas dos últimos governos, em uma sequencia desesperadora de erros.
Pois eis que o governo, marketeiramente, tenta recriar o chamado Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social, um conselho idealizado por Lula ainda em seu governo, para que empresários e representantes de classes sociais, possam ouvir e aplaudir as medidas e discursos do governo. Ou seja, um conselho que não aconselha, só ouve. E nesta nova reunião, o ministro da economia e demais ministros apresentam um pacote de medidas e a presidente faz um discurso, lido, sem os famosos improvisos de Dilma.
Sobre o pacote apresentado pelos ministros, um aglomerado de estímulos no valor de 83 bilhões, se for implementado, e não apenas anunciado, o que é marca do governo (vide os PACs e outros programas ao longo da era petista), terá efeitos limitados na atividade econômica brasileira, ou seja, será inócuo porque não haverá investimentos e nem vontade de investir.
Fruto de problemas macroeconômicos que não são solucionados pelo governo, como fiscal, juros altos e ainda desemprego crescente, renda em queda, e claro, a falta de confiança.
E ainda, insistir no que não deu certo, mas desta vez com crédito maquiado, já que o principal instrumento do plano é o FGTS, ou seja, a poupança do próprio trabalhador é sem dúvida um erro. O Brasil e o brasileiro hoje vivem de crédito, empréstimos bancários, seja para financiar algo, seja para pagar outras dívidas ou se manter. Os governos estaduais e prefeituras também. É bom lembrar o governo que dinheiro acaba.
As empresas enfrentam problemas de liquidez e a oferta de empréstimos por parte dos bancos está cada vez mais complicada. Os bancos continuam tendo lucros recordes, mas isso devido aos juros. Daqui a pouco com tantos não conseguindo honrar seus compromissos, o dinheiro pode simplesmente ficar escasso e até acabar. E o que fazer quando faltar dinheiro nos próprios bancos? E ainda quem quer aumentar suas dívidas com estes cenários de incertezas? A expansão de crédito não vai controlar a inflação. A demanda de bens e serviços é alta.
É a crônica da morte anunciada. E o governo federal, envolto de outros seríssimos problemas com os envolvimentos com a corrupção desenfreada e recorde nos últimos anos, e com uma crise política sem precedentes, insiste no erro. É a economia, estúpidos! Diria Carville.
Por fim, Dilma em seu discurso pede encarecidamente que considerem a volta da CPMF. Ou seja, insiste em andar de marcha ré e na contra mão. Precisamos crescer, e criar impostos ou aumentar a carga tributária não faz a economia crescer. Precisamos crescer, e não cortar gastos públicos para se enquadrar à realidade e assim ser obrigado a criar mecanismos para adquirir novas receitas, gera mais desconfiança e recessão.
Encarecidamente, Dilma, lhe pedimos: pare! A sua “Nova Matriz Econômica” não deu certo até agora, muito pelo contrário. Não dará certo daqui para frente e ainda vai gerar mais problemas. Vamos debater reformas, cortes em gastos públicos, medidas estruturantes, enfim, o que pode levar o país a sair desta areia movediça. Não é mais um atoleiro, é uma areia movediça que quanto mais se mexe mais se afunda.
Se os governos FHC/Lula foram o tempo de vacas gordas para o Brasil e o primeiro governo de Dilma foi o de vacas magras, neste segundo governo, a presidente resolveu matar a vaca.
(*) Fábio Sousa, deputado federal por Goiás, historiador, gestor público e teólogo. Artigo publicado no “Diário da Manhã” em 11/02. (foto: Alexssandro Loyola)
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