Tragédia ambiental
Deputados cobram ações em debate sobre consequências do desastre em Mariana
Deputados do PSDB participaram de comissão geral realizada nesta terça-feira (15) para debater a situação ambiental e social em Mariana (MG), região impactada pelo rompimento de barragens da mineradora Samarco. A tragédia, que aconteceu no dia 5 de novembro, causou danos ambientais irreversíveis. Famílias que tiveram suas casas arrastadas pela enxurrada de lama ainda estão desabrigadas.
O deputado Caio Narcio (MG) destacou as principais consequências da tragédia, como a falta de água potável e a morte do Rio Doce. “O Rio Doce morreu, e há dificuldades de renascer”, lamenta.
O tucano questiona a falta de posicionamento dos representantes da Samarco e da Vale. Ele ressalta que vidas foram levadas e houve prejuízos incalculáveis para os moradores, seja em suas casas ou empregos..
“Os sinais estavam dados, o que aconteceu no rompimento foi algo premeditado. Uma barragem não se rompe da noite para o dia. Essas vidas não têm preço. Esse desastre não tem como ser restituído”, comenta.
Para Paulo Abi-Ackel (MG), é preciso compreender o que houve e o que deve ser feito principalmente em relação à cidade de Mariana, que vive efetivamente da indústria do minério e não pode parar.
O tucano acredita que nos últimos anos nada se fez no sentido de buscar providências estruturais. Para ele, o Departamento Nacional de Produção Mineral (DNPM) já poderia ter se transformado numa agência reguladora, não fosse a contrariedade do governo federal, que recusou o debate. “Aliás, não debateu nenhum dos temas estruturais do Brasil”.
O parlamentar ressalta que o rio Doce estava secando porque não há política nem investimento do governo federal para preservação das nascentes, tratamento do lixo e saneamento básico. “Agora é preciso que nós passemos a enfrentar esse problema, já que temos pela frente a necessidade de encontrar uma solução para o Rio Doce,” justifica.
O prefeito de Mariana, Duarte Júnior, participou do debate e defendeu mudanças na legislação brasileira sobre a atividade mineradora. Duarte espera do Congresso a provação do novo Código de Mineração como forma de aumentar a arrecadação e ajudar na diversificação da economia de municípios mineradores.
Já o deputado Max Filho (ES) acredita que a relação do Estado brasileiro com muitas empresas, estatais e privatizadas, também contribuiu de forma decisiva para o desastre ambiental que chegou até o Espírito Santo, “matando o rio que era doce e hoje ficou vermelho”. Segundo ele, o governo petista possui uma relação “incestuosa” com empresas como a Vale, controladora da Samarco. “Há que se ter uma separação, uma liturgia, entre o Estado para cumprir e velar sobre sua atividade fiscalizadora. A governança brasileira não se afastou devidamente de uma empresa particular que deveria ser fiscalizada pelo poder público. E essa relação, esse relacionamento incestuoso com muitas empresas, contribuiu de forma decisiva para esse desastre ambiental, que desaguou lá no Espírito Santo. Hoje, o Rio Doce hoje é um rio de sangue”, lamentou.
(Reportagem: Elayne Ferraz)
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