Fora Dilma, já!
Decisão sobre impeachment não muda posição do PSDB pelo afastamento de Cunha, diz líder
Em entrevista coletiva, nesta quinta-feira (3), o líder do PSDB na Câmara, deputado Carlos Sampaio (SP), afirmou que o partido mantém sua posição favorável ao afastamento do presidente da Câmara, deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ). Um dia após o anúncio do andamento do processo de impeachment contra Dilma por Cunha, o tucano disse que a oposição vai se articular para que a presidência e a relatoria da comissão especial que analisará o assunto sejam ocupadas por parlamentares isentos e capazes de conduzir o processo. O colegiado terá 65 integrantes, sendo seis do PSDB. A eleição dos membros ocorrerá em sessão extraordinária da Câmara marcada para a noite de segunda-feira (7).
“O PSDB não transige nos termos em que se refere à ética e respeita seus integrantes no Conselho de Ética. Eles têm autonomia e isenção para agirem de acordo com suas consciências de magistrados. A possibilidade do PSDB interferir nesse processo é zero. Quem analisa as provas são os integrantes do Conselho”, assegurou Sampaio.
De acordo com o tucano, não há a possibilidade de o partido impor uma posição aos deputados Betinho Gomes (PE) e Nelson Marchezan (RS), titulares do parido no Conselho. Segundo ele, a posição do partido é a mesma e os tucanos querem que haja apuração das irregularidades das quais o parlamentar é acusado. “Não mudaríamos de posição em razão da decretação do impeachment. Isso não advém de uma atitude dele, mas sim dos crimes praticados pela presidente Dilma e de pareceres de renomados juristas do país”, afirmou.
Porém, Sampaio ressaltou que até o momento os fatos narrados leva a entender que Cunha não apresentou uma defesa plausível diante das acusações a ele imputadas. Apesar disso, lembra que Cunha ainda tem um prazo para se defender e apresentar provas e reforça: “Ali [no Conselho de Ética] cada deputado é um magistrado e são eles quem fará o julgamento. No demais, o PSDB continua mantendo a mesma posição. Vamos continuar não participando de reuniões do colégio de lideres e continuar obstruindo as votações”.
IMPARCIALIDADE NA COMISSÃO
O líder tucano avisou que os partidos de oposição não permitirão conchavos na comissão especial que vai analisar o pedido de impeachment. “A nossa articulação é no sentido de que o presidente e o relator tenham respeitabilidade e isenção para conduzir o processo. Portanto não deve ser o conchavo político que deve imperar, mas sim a seriedade”, avisou. Os partidos tem até as 14h de segunda para indicar os integrantes.
BARGANHAS
Sampaio afirmou ainda que acredita nas declarações feitas por Cunha nesta quinta-feira sobe uma obscura tentativa de negociação ocorrida na quarta-feira para tentar impedir a ebertura do processo contra a petista. O presidente da Câmara disse que Dilma Rousseff “mentiu à sociedade” ao afirmar, em pronunciamento em rede nacional, que seu governo não participa de “barganhas” com o Congresso. O peemedebista disse que pela manhã o ministro da Casa Civil, Jaques Wagner, intermediou uma negociação entre Dilma e o deputado André Moura (PSC-SE), relator da Reforma Tributária na Câmara.
O intuito da barganha era garantir a Moura, aliado de Cunha, os votos dos petistas no Conselho de Ética a favor de Cunha e contra a continuidade do processo que pede sua cassação. Em troca, os deputados teriam que aprovar a volta da CPMF.
“O Brasil sabe que o governo do PT sempre barganhou com o Congresso, foi assim com o mensalão, quando comprava votos de parlamentares, foi assim com o petrolão, quando trocava por emendas e doações oficiais o dinheiro de propina. Também barganhou quando trocou ministérios e quando quis negociar a cassação de Cunha com impeachment de Dilma. Então isso é natural. Faz parte da natureza e do estilo do governo Dilma essa barganha nefasta. É óbvio que eles deviam conversar, por meio de interlocutores sobre essa barganha. Penso eu que nesse sentido, o presidente da Câmara não mentiu, destacou Sampaio.
(Reportagem: Djan Moreno)
Deixe uma resposta