Ultrapassando barreiras
Nova fase da Lava Jato é mais um passo para desvendar petrolão, diz vice-líder tucano
A deflagração da 20ª fase da Operação Lava Jato, nesta segunda-feira (16), demonstra que as investigações sobre o esquema de corrupção que tem a Petrobras no epicentro continuam mesmo sob pressões externas para tentar impedir a punição dos envolvidos. A avaliação é do 1º vice-líder do PSDB, deputado Nilson Leitão (MT). A nova fase mira ex-funcionários da estatal envolvidos em desvios em contratos relacionados com as refinarias Abreu e Lima e Pasadena, dois ícones de escândalos que vêm atingindo a empresa nos últimos anos.
CAMINHO DO DINHEIRO
“É sempre um alento à sociedade brasileira saber que, por mais que impeçam o avanço dessa operação, o Ministério Público e o juiz Sergio Moro estão conseguindo ultrapassar as barreiras e avançar”, destacou o tucano. Os gastos como os dois projetos em questão – um localizado em Pernambuco e outro nos EUA – devem provar mais uma vez, segundo ele, que a propina dos contratos e os desvios dentro da empresa beneficiaram campanhas eleitorais e pessoas ligadas ao PT.
As investigações agora apontam para indícios concretos de pagamento de propina para a compra da refinaria de Pasadena, que passa a ser alvo da operação. Nesta etapa, a PF cumpre 11 mandados de busca e apreensão, dois de prisão temporária e cinco de condução coercitiva na Bahia e no Rio de Janeiro. Estão entre os presos o ex-gerente executivo da área Internacional da estatal Roberto Gonçalves, sob suspeita de envolvimento em corrupção em contratos referentes à Comperj e à contratação de sondas, e Nelson Martins Ribeiro, apontado como operador financeiro de várias construtoras no esquema de propinas.
A nova fase foi batizada de “Corrosão”, e está focada na busca por provas para aprofundar investigações que já estavam em andamento. De acordo com investigadores, o nome é uma referência à corrosão causada pela corrupção na empresa. Dilma foi presidente do conselho de Administração da Petrobras, chefe da Casa Civil e ministra de Minas e Energia, mas sua atuação foi pra lá de insuficiente para impedir o petrolão.
“Esta etapa significa que a PF está indo nos detalhe. Essas duas refinarias, apesar de serem situações diferentes, vão chegar, sem dúvidas, no resultado, que é a propina para beneficio próprio e de campanhas eleitorais ligadas ao governo petista. Essas prisões vão trazer muitas informações para, quem sabe, finalizar a operação, prendendo todos os que roubaram o dinheiro público”, avaliou Nilson Leitão. O tucano lembra que Abreu e Lima foi construída com um contrato extremamente superfaturado e Pasadena, adquirida por um valor muito acima do adequado.
ROMBO BILIONÁRIO
A Petrobras divulgou, em abril, um rombo de R$ 6,2 bilhões pelos escândalos de corrupção que atingem a empresa. Este é o número oficial, mas o prejuízo causado pelas irregularidades na petrolífera descobertas pela Operação Lava Jato pode chegar a R$ 42,8 bilhões. É o que aponta laudo de perícia criminal anexado pela Polícia Federal. A estimativa tem como base uma tabela com os pagamentos indevidos envolvendo 27 empresas apontadas como integrantes do cartel na Petrobras.
O balanço financeiro da estatal mostra que a Petrobras amargou prejuízo de R$ 3,76 bilhões somente no terceiro trimestre deste ano. O pior resultado previsto pelo mercado se deve à desvalorização do real, que elevou seu endividamento e custos operacionais. Esse é o terceiro prejuízo da Petrobras nos últimos cinco trimestres e a estatal anunciou mais uma redução nos investimentos previstos para este ano. O orçamento, que era de US$ 28 bilhões, já caiu para US$ 23 bilhões.
Nilson Leitão acredita que os números devem crescer ainda mais, conforme a investigação for evoluindo. Segundo ele, o valor apresentado oficialmente pela Petrobras está longe da realidade. Até o mesmo os R$ 42,8 bilhões de prejuízos apontados pela PF ainda não condizem, segundo ele, com o tamanho do rombo que a corrupção causou à maior empresa do país. “Este número ventilado pela PF diz respeito ao que eles já têm em mãos em relação à investigação, mas não tenho dúvida que é ainda maior e que pode chegar a cerca de R$ 100 bilhões”, apontou.
MÁ GESTÃO E ESCÂNDALOS
Para o deputado Alexandre Baldy (GO), os resultados negativos da Petrobras são consequências da má gestão aliada aos escândalos de corrupção descobertos com a operação Lava Jato. “O povo foi iludido com os preços represados para manter a inflação e o custo menor do que o real para suportar o primeiro mandato da presidente Dilma. Endividaram a Petrobras, corrompendo todo o seu staff com obras absurdas que estão paradas e, por ser uma empresa pública, o povo ainda vai ter um prejuízo bem maior. Vai pagar novamente por todos esses atos de corrupção, desvios e pela falta de gestão da Petrobras”, alertou.
O parlamentar goiano acredita ainda que os valores reais do prejuízo com a corrupção na Petrobras pode ser ainda maior. “Não tenho dúvida de que o governo esteja escondendo, dificultando as investigações para que esses números possam ser distorcidos e, principalmente, reduzidos e os efeitos da Petrobras não atinjam ainda mais a imagem do governo federal e a política econômica”, completou.
(Reportagem: Djan Moreno/ Foto: divulgação/ Áudio: Hélio Ricardo)
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