Doutrinação em sala de aula é crime, por Rogério Marinho 


No último Enem, houve grande debate para o fato de que algumas perguntas continham forte conotação doutrinária, teses marxistas e ideologia de gênero, este debate não pode ser evitado e a educação brasileira tem sido palco de inúmeras denúncias de parcialidade e assédio ideológico praticado por doutrinadores que se aproveitam da cátedra para impor sua visão de mundo. Inclusive teses bizarras de que as pessoas nascem neutras sem a sexualidade definida e depois construiriam sua opção a partir de suas experiências.  

Cada vez mais ideologias são vendidas como teorias científicas em sala de aula enganando e constrangendo milhões de estudantes que desejam se preparar para o ensino superior e ter uma profissão que lhe garanta uma vida melhor. O espaço das doutrinas, de muitas matizes, amplia-se e diminui o espaço da matemática, leitura, gramática, literatura, física, biologia e da química. O atual ensino brasileiro, parece estar mais preocupado em moldar comportamentos, antes algo da esfera privada e familiar, do que ensinar matérias e habilidades úteis ao mundo do trabalho, afrontando claramente nossa constituição em seu artigo 206 e incisos que determina a laicidade e pluralidade do Ensino. 

Exatamente por isso é preciso desnudar a origem dessa engenharia de comportamentos imposta ao ensino nacional. Vamos começar pelo século XIX e pinçar a origem marxista destas doutrinas. Friedrich Engels, parceiro intelectual de Karl Marx, o pai do comunismo, em A Origem da Família, da Propriedade Privada e do Estado, um livro de 1884, diz que “o desmoronamento do direito materno é a grande derrota histórica do sexo feminino em todo o mundo”. Para ele “o homem apoderou-se também da direção da casa; a mulher viu-se degradada, convertida em servidora, em escrava da luxuria do homem, em simples instrumento de reprodução”.  

Veja o discurso feminista radical, aquele que envenena a complementariedade entre homens e mulheres, que passam a ser inimigos por natureza histórica. Se isso fosse verdade, jamais a sociedade teria se desenvolvido e a parceria natural entre homens e mulheres teria gerado mais de seis bilhões de seres humanos.  

Ou seja, para um dos principais teóricos marxistas, a opressão do homem sobre a mulher é o gêneses do capitalismo e da família burguesa e como tal tem que ser combatida.  

Simone de Beauvoir, em seu livro o Segundo Sexo: fatos e mitos, publicado em 1949, reforça a visão do feminismo radical de origem marxista e finca bases da ideologia de gênero ao atribuir a ideia de feminino, não como algo dado por natureza, mas uma construção social perversa, feita por homens dominantes preocupados em oprimir as mulheres.   

Apesar de sua controvertida biografia, simpatizante e colaboradora do nazismo e envolvida em apologia a pedofilia, ela ficou famosa e influente em círculos intelectuais alternativos e aos poucos tornou-se dominante em sociedades que sofrem hegemonia esquerdista de pensamento, afinal o comunismo, o nazismo e o fascismo são irmãos siameses. No Brasil chegou ao Enem. Vejamos uma pérola de seu pensamento: “poucos mitos foram mais vantajosos do que esse (o mito da mulher) para a casta dominante: justifica todos os privilégios e autoriza mesmo a abusar deles. Os homens não precisam preocupar-se em aliviar os sofrimentos e encargos que são fisiologicamente a parte da mulher, porquanto “são da vontade da Natureza”; eles se valem do pretexto para aumentar ainda a miséria da condição feminina, para denegar, por exemplo, à mulher, qualquer direito ao prazer sexual, para fazê-la trabalhar como um animal de carga.”, esta generalização é injusta e preconceituosa.  

Vejamos quando essa intenção torna-se explícita em duas importantes autoras do movimento feminista. A primeira é Kate Millett, nascida em 1934 é Norte Americana, que escreveu a Política Sexual, livro de 1970, e é considerada uma das teóricas mais influentes do movimento feminista mundial. Eis a explicitação da intenção política da teoria de gênero: “no contexto de uma política sexual, transformações verdadeiramente revolucionárias deveriam ter influência, à escala política, sobre as relações entre os sexos.” Ou “uma revolução sexual exigiria antes de mais, talvez, o fim das inibições e tabus sexuais, especialmente aqueles que mais ameaçam o casamento monógamo tradicional: a homossexualidade, a ilegitimidade, as relações sexuais pré-matrimoniais e na adolescência”. Ou, ainda, “uma revolução sexual acabaria com a instituição patriarcal, abolindo tanto a ideologia da supremacia do macho como a tradição que a perpetua através do papel, condição e temperamento atribuídos a cada um dos dois sexos”. 

A segunda é Shulamith Firestone no seu livro de 1970, A Dialética do Sexo: o caso da Revolução Feminista:  Assim como a meta final da revolução socialista era não só acabar com o privilégio da classe econômica, mas com a própria distinção entre classes econômicas, a meta definitiva da revolução feminista deve ser igualmente não simplesmente acabar com o privilégio masculino, mas com a própria distinção de sexos: as diferenças genitais entre os seres humanos já não importariam culturalmente”. Ou seja: o extermínio da família tradicional e apologia a sexo livre e outros comportamentos antissociais. 

A intenção marxista por trás das teorias de gênero são explicitadas sem pudor pelas teóricas do feminismo radical desde Simone de Beauvoir. Abolir a própria ideia de feminino e masculino e subverter os comportamentos sexuais transformando-os em armas contra a família dita tradicional opressora. Ora, é evidente que o Enem não deve cobrar essas teorias, que nada de científico possuem. São meras ideologias exóticas, parciais e preocupadas com revolução e mudanças profundas de comportamento. O espaço delas é o no palanque em discussões acadêmicas e não nas salas de aula. 

A violência é deplorável e deve ser combatida em todas as suas vertentes, contra mulheres, negros, crianças, idosos, qualquer um, não pode é ser pretexto para a divisão da sociedade. 

Não se pode confundir educação com doutrinação. O fundamento da verdadeira educação é a liberdade de reflexão, a possibilidade de acesso à pluralidade do pensamento, das correntes de interpretação da realidade e da diversidade metodológica científica. A verdade é que onde há doutrinação não pode haver educação, apenas formação de massa de manobra de movimentos radicais. Estamos prontos para o debate, não iremos nos calar. 

(*) Rogério Marinho é deputado federal pelo PSDB-RN. (foto: Alexssandro Loyola)

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13 novembro, 2015 Artigosblog Sem commentários »

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