Maus-tratos aos bichos


Após audiência em CPI, Tripoli defende o fim do uso de animais em rodeios

A Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) dos Maus-Tratos de Animais debateu nessa terça-feira (10) a situação de animais usados em rodeios. A audiência pública foi solicitada pelo relator do colegiado, deputado Ricardo Tripoli (SP), que, ao final da discussão, defendeu o fim da utilização dos bichos nesses eventos. De acordo com ele, as informações apresentadas foram suficientes para esclarecer que ainda hoje equinos e bovinos são submetidos a sofrimento nos rodeios.

“Ficou claro que ainda existem maus-tratos. O animal não pula dois metros de altura só porque alguém pede isso para ele. Evidentemente, ele é levado a isso ou pela espora ou pelo choque. Vimos aqui os equipamentos que são utilizados nos rodeios e, por isso, acredito que o ideal seria o término dessa atividade no Brasil”, avaliou Tripoli.

De acordo com a veterinária e diretora técnica do Fórum Nacional de Proteção e Defesa Animal, Vânia Plaza, existe no Brasil  uma série de problemas relativos a violência e agressividade das provas e treinamentos, condições impróprias de transporte, luz e som, e desrespeito aos períodos cíclicos de sono e vigília dos animais.  Leandro Ferro, representante do Movimento Odeio Rodeio, disse que os equipamentos de rodeios são usados para golpear e causar dor com carga violenta sobre os animais. Além disso, o chamado “selo verde”, que os organizadores de eventos seguem, não garante, segundo ele, a integridade do animal. 

“Na verdade essa é uma atividade que já está em desuso. O cidadão que vai a um evento desses, geralmente vai por causa dos shows, das apresentações musicais. A alimentação, o fato de poder estar ali para tomar uma cerveja, estar com os amigos, ou até mesmo o leilão de animais e equipamentos agrícolas também motiva os participantes. A última coisa que a pessoa procura é verificar o tal rodeio com os animais”, destacou Tripoli, após ouvir os relatos dos debatedores.

Por outro lado, o veterinário Cesar Fabiano Vilela, da Companhia de rodeio Rodeo Vet, disse que atualmente os animais não são submetidos a sofrimento, como foram no passado, e são tratados como atletas. Emílio Carlos dos Santos, diretor de Os Independentes de Barretos, afirmou que muitas medidas têm sido adotadas nos últimos anos para modernizar e regulamentar os rodeios e para impedir maus-tratos aos animais. Ele defendeu que as ONGs ajudem na fiscalização.

Para Tripoli, é importante que os tradicionais eventos continuem, mas a presença dos animais tem se mostrado desnecessária. “Não há nada contra a exposição, os campeonatos equestres e outras atividades que são saudáveis e são compartilhadas com o ser humano. Mas, não podemos submeter os animais a maus-tratos. Ficou claro, principalmente pelo depoimento da professora Vânia, que isso ainda existe”, destacou.

De acordo com o tucano, o debate foi importante para levantar um tema nunca antes debatido pela Câmara e que precisa de atenção especial. “Esperamos que a partir daqui encontremos um caminho e que os maus-tratos não ocorram mais. Pretendemos ampliar a discussão”, apontou, ao ressaltar que em partes da Espanha e de Portugal já não existem mais as tradicionais touradas.

(Reportagem: Djan Moreno/ Fotos: Alexssandro Loyola)

 

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10 novembro, 2015 Últimas notícias Sem commentários »

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