Nota vermelha
Para deputados, greve dos caminhoneiros reflete amplo descontentamento com governo Dilma
Enquanto caminhoneiros se manifestavam nas estradas de mais de dez estados contra os desmandos do governo Dilma e as sucessivas dificuldades que enfrentam no dia a dia, o Planalto dá mais uma demonstração de indiferença e desinteresse diante das demandas desses profissionais. Tentando retirar a legitimidade da reivindicação, o ministro das Comunicações, Edinho Silva, afirmou que a greve dos caminhoneiros serve apenas para promover o desgaste político do governo. Para o deputado Samuel Moreira (SP), a fala do ministro é lamentável, pois o protesto tem como pano de fundo uma série de reivindicações, além de mostrar a insatisfação com um governo que traz desgosto para os brasileiros.
MINISTRO DEVERIA SE DESCULPAR
“Os caminhoneiros ou qualquer segmento que esteja insatisfeito não se manifesta para desgastar o governo, mas para demostrar claramente um descontentamento com a atuação dele”, alertou o tucano nesta terça-feira (10). O parlamentar acredita que a insatisfação das categorias é motivada pelas claras demonstrações de que a gestão petista não tem rumo e nem perspectiva. “O ministro tem mais é que pedir desculpa por essa frase e buscar o entendimento e a negociação”, destacou. Segundo o congressista, as greves irão aumentar, já que a situação econômica e social do país está ficando cada vez pior.
O deputado lembra que o Brasil vive uma situação crítica com a alta da inflação e dos impostos, que também penalizam a classe. “A presidente Dilma não tem capacidade para explicar aonde quer chegar com as medidas que ela toma no governo”, alertou. Esse, para Samuel, é um descontentamento que dá maior legitimidade às greves. Conforme destacou o congressista, outro grande problema é que o Planalto tem dificuldades para buscar um entendimento e esclarecer seus objetivos.
De acordo com o tucano, não se esperam atitudes como as tomadas pelo ministro, que foi um ataque aos segmentos descontentes com a gestão da presidente Dilma. Esses caminhoneiros também criticam o alto custo dos combustíveis e pedem a liberação de crédito com juros subsidiados em R$ 50 mil para transportadores autônomos e a criação do frete mínimo. “Quem trabalha no Brasil não é valorizado. Assim como outras categorias, os caminhoneiros não estão aguentando mais. Por isso estão paralisando suas atividades”, destacou o deputado Eduardo Cury (SP) em sua página no Facebook.
Em julho, Dilma vetou trecho da Medida Provisória 670 que isentava o óleo diesel de PIS e Cofins. O combustível representa grande parte dos gastos do caminhoneiro. A emenda vetada pela petista garantia benefício à categoria com a redução do custo do serviço de transporte e foi aprovada no plenário da Câmara em 17 de junho, com apoio dos tucanos.
Ao menos 14 estados participam das manifestações, apesar das ameaças e ataques do Planalto. Além de ter que passar por vias em condições caóticas (52% das estradas federais estão péssimas ou ruins), a categoria é ameaçada pelo Ministério da Justiça com multas de mais de R$ 1.900,00. A postura da gestão petista é bem diferente daquela adotada quando aliados como o MST promovem protestos pelo país.
(Reportagem: Thábata Manhiça/ Fotos: Marcelo Camargo/Agência Brasil e Alexssandro Loyola)
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