Alimentação mais saudável
A pedido de Daniel Coelho, Comissão de Meio Ambiente debate caminhos do vegetarianismo no país
A pedido do deputado Daniel Coelho (PE), a Comissão de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável promoveu audiência pública nesta quinta-feira (3) para debater os caminhos do vegetarianismo no Brasil e suas consequências na saúde e na sustentabilidade da economia brasileira. O tucano presidiu os debates e considerou de extrema importância esclarecer a população em relação aos benefícios da dieta vegetariana e o impacto ambiental do consumo excessivo de carne.
MAIS SAÚDE, MENOS GASTOS NO SUS
Conforma aponta, investir em uma alimentação saudável para os brasileiros terá como consequência a redução dos gastos com o Sistema Único de Saúde. Para o parlamentar, a população é livre para decidir como se alimentará, mas ressalta a necessidade do conhecimento adequado. De acordo com Daniel, mudar a alimentação do brasileiro passa pelo enfrentamento da questão cultural. “Até onde o natural é alimentação com a carne? Até onde é natural matarmos um animal para continuarmos a viver?”, questionou.
Daniel Coelho chamou atenção ainda para o fato de que muitas universidades ensinam seus alunos dos cursos na área da Saúde baseados em mitos e convenções acerca da alimentação saudável e do vegetarianismo. “Não podemos ter uma geração de profissionais que não tenham conceitos adequados”, alertou.
Participaram do debate o secretário executivo da Sociedade Vegetariana Brasileira, Guilherme Carvalho; a nutricionista e integrante da entidade, Ana Ceregatti; e a coordenadora do grupo Recife da SVB, Bárbara Bastos. De acordo com Guilherme, o vegetarianismo precisa entrar na agenda da administração pública. Conforme aponta, o Brasil possui o maior rebanho comercial de bois no mundo e cerca de 6 bilhões de animais terrestres são abatidos anualmente para a produção de carnes, laticínios e ovos.
Ainda segundo ele, o padrão de consumo no Brasil é de cerca de 230 gramas de carne por pessoa/dia. O impacto ambiental é grande: a produção de carne é a campeã em volume de água utilizada para cada quilo de alimento produzido – 15 mil litros consumidos para cada quilo de carne bovina.
Ana Ceregatti destacou a recomendação do Ministério da Saúde, que indica o consumo de carne de até 100 gramas. Para ela, é possível ser vegetariano do ponto de vista da saúde e as perdas que podem acontecer são relacionadas à sociabilização desses indivíduos. Ainda segundo ela, é necessário trabalhar a tributação de produtos frescos para que a população tenha mais acesso.
De acordo com Bárbara Bastos, o Brasil está promovendo um modelo de alimentação que não é sustentável sob nenhum aspecto. Segundo a coordenadora do grupo de Recife, os modelos mais eficientes de produção de carne podem gerar impactos ambientais menores, mas do ponto de vista ético pode ser pior. “Por mais que reduzam os impactos, não temos terra suficiente no planeta para fazer a conversão de grão à carne”.
Ainda segundo ela, o planeta não sofreu um abalo maior porque ainda existe a categoria semi-vegetarianos compulsórios. Conforme informou, esse grupo de pessoas não tem dinheiro para comprar carne e acaba comendo pouco ou não ingerindo o produto. Segundo a convidada, isso permite que o planeta consiga produzir o tanto que as pessoas que têm dinheiro para comprar consomem. “O Brasil quer promover todo o seu desenvolvimento com base na indústria da carne”, lamentou.
(Reportagem: Thábata Manhiça/foto: Alexssandro Loyola)
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