CPI dos Fundos de Pensão
Deputados questionam presidente do Funcef sobre investimentos de risco
A origem do déficit acumulado de R$ 5,5 bilhões, desde 2011 até 2014, do fundo de pensão dos servidores da Caixa Econômica Federal (Funcef) foi questionado pelos deputados do PSDB que participam da reunião da CPI dos Fundos de Pensão durante depoimento do presidente do Funcef, Carlos Alberto Caser. A CPI investiga suspeita de má gestão e investimentos de risco na origem dos planos de previdência complementar dos servidores de várias estatais. Sub-relator do colegiado, o deputado Marcus Pestana (MG) resume a situação: “se não houvesse problemas não se teria chegado até essa CPI”.
Pestana considera que houve investimentos de risco e há ingerência política nos aportes financeiros a determinados empreendimentos. Entre os aportes considerados de risco está o investimento de R$ 350 milhões na Sete Brasil, a empresa criada pela Petrobras para explorar negócios do pré-sal, inclusive a construção de 29 sondas.
A empresa, que tem uma relação de cooperação com o Estaleiro Brasil, foi citada na delação premiada de Renato Duque e Milton Pascowitch. Segundo a delação, o Estaleiro Brasil era usado para destinar propina para Renato Duque e o PT.
Pestana cobrou ainda as regras de governança que permitiram a três grandes fundos de previdência – Funcef, Previ e Petros – investir recursos em empreendimentos questionáveis. Além da Sete Brasil, ele citou a usina hidrelétrica de Belo Monte, que está sendo construída no Rio Xingu, norte do Pará. “Esta obra está marcada por graves problemas ambientais e se duvida de sua viabilidade econômica”, afirmou.
Outro investimento polêmico foi no fundo da cooperativa habitacional dos bancários de São Paulo (Bancoop), que já foi presidida pelo ex-tesoureiro do PT João Vaccari Neto, preso na Lava Jato. A carteira imobiliária do Funcef é responsável por 60% das ações. Exatamente por isso Marcus Pestana indaga o valor pago pela concessão do aeroporto de Guarulhos com ágio de 350%. E os investimentos nos shoppings Bouganville e Flamboyant, ambos em Goiânia, e outro em Araraquara (SP). No primeiro caso, embora a avaliação da CEF tenha indicado valor de R$ 23 milhões, o Funcef comprou o imóvel por R$ 45 milhões.
“Há motivos estruturais, sim, para os déficits do Funcef, mas parte do prejuízo vem de problemas de gestão”, afirmou Marcus Pestana. Ele pediu que Caser informe, por escrito se teve algum contato com Alberto Youssef, Vaccari Neto, Luiz Gushiken, José Dirceu; Wagner Pinheiro, André Vargas, Humberto Pires, Pedro Barusco, Sérgio Gabrielli, Gerson Almada, Renato Duque, Milton Pascovitch, Almir Barbaça Humberto Pires e o ex-presidente Lula.
Já o deputado Pedro Cunha Lima (PB), além dos questionamentos sobre relações com outras empresas, cobrou explicações sobre a quem cabe a decisão de contratar gestores e optar pelo investimento. “É preciso haver alguma explicação”, disse ele.
O deputado Rocha (AC) cobrou maior eficiência na gestão do Fundo. O tucano ficou irritado com as declarações publicadas pelo presidente do Funcef nas redes sociais, nas quais ele postou #DilmaHojeDilmasempre e beijinho no ombro para os recalcados. O gestor do fundo admite ser filiado ao PT desde 1990.
O deputado Samuel Moreira (SP), por sua vez, questionou quais as medidas judiciais que a presidência adotou para recuperar os valores perdidos nestes investimentos duvidosos.
Embora Caser tenha dito que o maior volume do Déficit (R$ 3,7 bilhões) seja oriundo de perdas de ativos da Vale, que sofreu prejuízo expressivo com a queda no preço internacional do minério de ferro, não conseguiu convencer os parlamentares.
Ele disse ainda que o Funcef sofre com as quedas sucessivas na Bolsa de Valores de São Paulo, por causa nos investimentos de renda variável e provisionamento de recursos para as 14 mil ações judiciais e recuperação de perdas com planos de previdência passados.
Na próxima terça-feira a CPI vai ouvir o presidente do fundo de pensão do Banco do Brasil (Previ), Gueitiro Matsuo Genso.
(Reportagem: Ana Maria Mejia/Foto: Alexssandro Loyola)
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