Usuário exposto

Atuação das gigantes da web no combate a crimes cibernéticos ainda é insuficiente, diz Mariana

Mariana e Daniel Coelho integraram a mesa que dirigiu os trabalhos com a participação dos representantes das grandes empresas de internet.

Presidida pela deputada Mariana Carvalho (RO), a CPI dos Crimes Cibernéticos promoveu nesta quinta-feira (27) audiência pública com a participação de representantes de “gigantes” da internet: Google, Facebook, Twitter e Yahoo.  O objetivo principal foi conhecer as ferramentas usadas pelas empresas para proporcionar segurança aos milhões de usuários e as posturas adotadas diante de comportamentos abusivos e criminosos. Para a tucana, o aumento dos crimes cibernéticos na rede mostra que as estratégias usadas são insuficientes.

A parlamentar do PSDB lembrou que muitos desses delitos acontecem dentro dessas grandes plataformas na web. “Observamos que, por mais que tentem mostrar que estão agindo de forma eficaz, ainda é um mínimo”, resumiu Mariana após a audiência. Segundo ela, diante desta realidade, a CPI trabalhará fazendo um diagnóstico e ouvindo os setores envolvidos para, ao final, sugerir uma legislação capaz de obter resultados positivos na luta contra esses crimes.

Mariana diz que o colegiado conta com a colaboração das empresas para o trabalho, dado a importância que elas têm hoje na internet e da importância de buscar formas de incrementar a segurança na internet, sempre visando dar mais segurança aos usuários. A web é constantemente palco de crimes financeiros e contra a honra, entre vários outros.

Sub-relator na CPI, o Daniel Coelho (PE) avalia que a audiência desta quinta dá continuidade à coleta de informações pela CPI, que já tinha ouvido a Polícia Federal. “Neste momento a ideia é juntar informações, debater, ouvir e pegar opiniões, porque a partir daí vamos construir um plano de trabalho de investigações específicas para os crimes que acontecem no mundo cibernético”, explicou. Para o tucano, as contribuições de cada setor envolvido são importantes para a CPI.

CASO MAJU

Em sua intervenção, Daniel questionou, entre outros pontos, a postura do Facebook e Twitter em relação a um caso de grande repercussão nacional: os ataques racistas contra a apresentadora Maria Júlia Coutinho, da TV Globo.  Enquanto o Facebook afirmou que não tolera o racismo, o Twitter afirmou que todas as postagens ofensivas ou ameaças em relação a ela  foram removidas da plataforma e a rede foi tomada pela hashtag #somostodosmaju.

Apesar disso, ficou claro na audiência que as gigantes da internet dependem muito da colaboração dos usuários para denunciar abusos, apesar de manterem equipes para monitorar suas plataformas. O tamanho da rede dificulta deste acompanhamento, alegam. Apenas o Facebook tem 1,5 bilhão de usuários no mundo.

Outros deputados do PSDB participaram do debate, como Nelson Marchezan Junior (RS), que levantou diversos aspectos, como o pedido, por parte das empresas, sobre as denúncias envolvendo crimes cibernéticos para contribuir com a CPI. Também alertou para o uso indevido de marcas na rede, questionou como as empresas classificam, por exemplo, o que é bullying e assédio.  Também criticou o desconhecimento dos representantes em relação a questões tributárias envolvendo suas empresas.

Já o deputado Fabio Sousa (GO) lembrou que as fotos da autópsia do cantor Cristiano Araújo caíram na rede e, usando este caso, questionou as empresas em relação às equipes de monitoramento empregadas por elas. Fabio também enfatizou seu compromisso com a liberdade de expressão, mas defendeu a importância de combater crimes como pedofilia e os de cunho financeiros na web.

PRÓXIMOS PASSOS

Segundo Daniel, a partir da próxima semana o colegiado começará uma ofensiva mais direta em relação aos crimes. Mariana, por sua vez, informou que na próxima reunião serão votados requerimentos, inclusive de novas audiências públicas. “Estamos apenas no início das investigações”, destacou a tucana.

(Reportagem: Marcos Côrtes/Foto: Alexssandro Loyola)