Esclarecimento de fatos
Deputado Caio Narcio vai sugerir quebra de sigilo de presidente do BNDES em CPI
O deputado Caio Narcio (MG) anunciou que vai pedir a quebra de sigilo telefônico do presidente do BNDES, Luciano Coutinho. Durante audiência na CPI que investiga contratos do banco de fomento, o tucano afirmou que apresentará o requerimento para que a comissão possa ter acesso às conversas do presidente, que depôs nesta quinta-feira (27) no colegiado.
Na oitiva com Coutinho, Caio questionou o presidente da instituição sobre sua relação com o ex-presidente Lula e com o ex-ministro José Dirceu. O parlamentar quis saber ainda sobre os laços entre Coutinho e o presidente do Instituto Lula, Paulo Okamoto, e sobre sua relação com o empreiteiro Ricardo Pessoa (UTC) e com Fábio Luiz Lula da Silva, o Lulinha.
Antes, o tucano questionou se Coutinho aceitaria fazer o juramento de dizer a verdade, do qual foi dispensado por ter comparecido à CPI atendendo a convite, e não a convocação. O presidente aceitou e explicou que entre os nomes citados por Caio, apenas não conhece Lulinha. Com o ex-presidente Lula afirmou já ter se reunido algumas vezes e ter uma relação esporádica. “Tenho grande estima pelo ex-presidente”, respondeu sobre sua possível amizade com o petista.
“Então, se senhor nos informa que não é amigo dessas pessoas, obviamente não tem relações corriqueiras e nem ligações feitas de seus telefones. O senhor se oporia a uma quebra de sigilo proposta por essa comissão?”, sugeriu Caio. Coutinho se restringiu a dizer que a decisão caberia aos deputados. “Então farei o pedido. Não se trata de constrangimento, mas de esclarecimento de fatos”, avisou o tucano.
Para o deputado Alexandre Baldy (GO), o presidente “titubeou” quando foi confrontado por Caio Narcio sobre a quebra de sigilo. Pouco antes, o deputado João Gualberto (BA) havia levantado questionamentos sobre suposto tráfico de influência ou ingerência de Lula ou Dirceu sobre as operações do banco de fomento com países da América Latina e da África.
Coutinho negou que as operações do BNDES sofram interferências desse tipo, mas Gualberto destacou que há uma estranha coincidência entre os países financiados pelo BNDES e os convênios de cooperação na área social assinados pelo Instituto Lula, como Cuba, Venezuela e Angola.
Questionado pelo deputado Betinho Gomes (PE), o presidente do banco também negou que tenha tratado de doações para campanha eleitoral da presidente Dilma com o dono da UTC.
A oitiva desta quinta-feira com Coutinho atende a um requerimento apresentado pelo deputado Miguel Haddad (SP), vice-presidente da CPI.
(Reportagem: Djan Moreno/Foto: Alexssandro Loyola)
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