Irregularidades sem fim
Imbassahy: Petrobras cometeu crime ao omitir e protelar investigação sobre propina de empresa holandesa
O vice-presidente da CPI da Petrobras, deputado Antonio Imbassahy (BA), disse nesta terça-feira (30) que a estatal agiu de forma criminosa ao protelar investigação sobre irregularidades com a empresa SBM Offshore. A declaração do tucano foi feita durante audiência pública do colegiado com o ex-gerente de Segurança Empresarial da Petrobras Pedro Aramis. Ele informou ao colegiado que uma comissão interna criada pela petroleira encontrou “robusto conjunto de indícios” de pagamentos de propina pela empresa holandesa a funcionários da estatal brasileira.
Em março do ano passado, porém, a Petrobras anunciou que a comissão de apuração interna “não encontrou fatos ou documentos que evidenciem pagamento de propina a empregados” da empresa. Na época, a estatal começou a ficar sob forte pressão política após a divulgação do caso, que aumentou após a Operação Lava Jato. Posteriormente, a própria SBM identificou os pagamentos de propina e fechou um acordo com o Ministério Público da Holanda. O ex-gerente da estatal Pedro Barusco admitiu, em delação premiada, que recebia propina da SBM.
“Houve um conluio entre a Petrobras, a SBM e a Controladoria Geral da União”, apontou Imbassahy. O tucano ressaltou que, em março do ano passado, o ex-diretor da SBM Jonathan Taylor entregou à CGU denúncias de pagamento de propina da empresa à Petrobras. Na época, apesar de tomar conhecimento das irregularidades, o órgão de controle manteve as denúncias em secreto e só tomou iniciativas após a eleição presidencial.
“Com o depoimento do senhor Aramis, não há dúvida de que a Petrobras não só negligenciou como omitiu e participou desse processo. As investigações só vieram a tona depois das eleições. Mais do que negligenciar, a Petrobras teve uma ação criminosa que pode ter interferido no destino das eleições e do país”, alertou o deputado.
O tucano defendeu que a comissão ouça, o quanto antes, o ex-ministro da CGU Jorge Hage. Isso porque, segundo ele, tanto a SBM quanto a Petrobras já deram provas de que atuaram para impedir a investigação. Em maio, por solicitação de Imbassahy, um grupo de deputados foi a Londres ouvir Jonathan Taylor, que confirmou ter entregue documentos à CGU comprovando as irregularidades entre a empresa brasileira e a holandesa.
Já o deputado Izalci (DF) questionou se houve uma pressão do Palácio do Planalto para que a investigação fosse postergada. “Isso ocorreu por interferência política, incompetência ou falta de provas?”, quis saber o tucano, ao lembrar que a ex-presidente da Petrobras Graça Foster teve um comportamento dúbio sobre o episódio, pois negou ter recebido as informações. Aramis disse que entregou a ela o resultado das apurações da comissão interna, mas afirmou que visitas aos EUA e à Holanda não evidenciariam o pagamento de propina.
(Reportagem: Djan Moreno/ Foto: Lucio Bernardo Jr – Câmara dos Deputados)
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