Empregos em risco
Comissão de Finanças vai debater crise na indústria naval com presidentes de bancos públicos e da Petrobras
Atendendo requerimento do deputado Nelson Marchezan Junior (RS), a Comissão de Finanças e Tributação da Câmara promoverá debate sobre a crise na indústria naval brasileira. O pedido foi acatado pelo colegiado nesta quarta-feira (24). Serão convidados os presidentes do Banco do Brasil, Alexandre Corrêa Abreu; da Caixa Econômica Federal, Miriam Belchior, do BNDES, Luciano Coutinho; e da Petrobras, Aldemir Bendine.
Segundo o tucano, os problemas gerados pelas irregularidades na Petrobras refletiram no setor naval e estão causando demissões em massa e ameaçando mais milhões de empregos. No pedido de realização da audiência, Marchezan lembra que em maio a Comissão de Minas e Energia também realizou, a seu pedido, audiência sobre o tema.
Problemas com crédito – Na oportunidade, os representantes do Sindicato da Indústria Naval Brasileira (SINAVAL), da Petrobras e do BNDES fizeram suas exposições acerca do tema. “Ficou evidenciado que o problema do setor reside no crédito”, ressalta o tucano, explicitando a necessidade de um novo debate com os agentes financeiros.
Conforme Marchezan ressalta no pedido, o presidente do SINAVAL, Ariovaldo Santana da Rocha, acredita que as ações necessárias à solução da crise são a liberação de financiamento para a Sete Brasil, por parte do Banco do Brasil e Caixa; retomada do fluxo de pagamento por parte da Sete Brasil, tendo em vista a atual frustração de caixa de, no mínimo, 7 meses; e liberação de financiamento do Fundo de Marinha Mercante do Banco do Brasil e da Caixa para a conclusão dos estaleiros.
“Acredito ser preciso mais assertividade do governo federal no trato da matéria, exortando mais clareza na condução e solução deste problema tão grave para as populações dos municípios envolvidos”, alerta Marchezan.
Crise – A indústria naval entrou em um processo de baixas com os desdobramentos da Operação Lava Jato. O prejuízo da Petrobras causou impacto nas empresas do setor, com menos investimentos, menos projetos e demissões. Devido às revelações da operação, a estatal cancelou 13 pedidos de sondas de perfuração para a Sete Brasil, sua maior parceira na exploração do pré-sal. Por isso, a empresa não consegue pagar seus credores, tem dificuldades de obter financiamento do BNDES, atrasou pagamentos e enfrenta rebaixamento de rating.
Segundo o SINAVAL, só em janeiro deste ano, três mil postos de trabalho foram cortados. A situação, aliás, é crítica para os cinco estaleiros que têm contratos com a Sete Brasil. Segundo fontes ligadas à empresa, ela deixou de pagar aos cinco estaleiros entre R$ 1,5 bilhão e R$ 2 bilhões desde novembro.
(Reportagem: Djan Moreno)
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