Risco para o país
Projeto de reoneração da folha vai aumentar impostos e desemprego, alertam tucanos
Deputados do PSDB alertaram nesta terça-feira (23) para os riscos da aprovação do da reoneração (PL 863/15), que revê a política de desoneração sobre a folha salarial, com aumento de impostos de setores beneficiados no passado. O projeto de lei faz parte do ajuste fiscal do governo Dilma e deve ir a plenário nesta semana. Segundo os tucanos, a medida prejudica a economia, afetando a geração de empregos e a atividade produtiva.
Do plenário, o deputado Marcus Pestana (MG) destacou os riscos do PL para o país, que já sofre com juros altos e queda nos investimentos e no consumo. “A crise econômica se agrava, os juros estão em patamares estratosféricos, investimentos e o consumo estão em queda e aqui estamos onerando a sociedade num momento de crise com aumento de impostos”, disse.
O tucano destaca que a economia nacional não apresenta sinais positivos, exceto no agronegócio. O desemprego bate á porta do trabalhador e o endividamento das famílias já se reflete na inadimplência. “Estamos entrando no turbilhão de uma crise profunda e Dilma perdeu todas as condições de liderar o país”, completou Pestana.
Levantamento da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) divulgado no início do mês indica que a proposta do governo federal vai provocar demissões em 54% das indústrias, e 40% delas aumentarão seus preços, para compensar a elevação dos custos. O estudo mostra que 52% das pequenas empresas, 57% das médias e 54% das grandes terão que demitir, se houver perdas na desoneração.
O impacto do desemprego foi ressaltado pelo deputado Vitor Lippi (SP). Segundo ele, a indústria e a construção civil, dois setores estratégicos, demitiram mais de meio milhão de pessoas. “Estamos, portanto, muito atentos à gravidade da situação depois de escândalos, da inflação galopante no Brasil, e, agora, da recessão e do castigo-desemprego, em especial, nas zonas mais industrializadas do país”, explicou.
Em entrevista ao “Estadão”, o presidente da Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq), Carlos Pastoriza, afirmou que a aprovação do PL provocará a demissão de 150 mil trabalhadores do setor de máquinas até o fim do ano. Se contabilizados os empregos indiretos, o número pode chegar a 800 mil vagas.
Para o deputado Jutahy Junior (BA), a soma de juros e impostos altos resultará na diminuição da atividade produtiva. O desacerto das ações do governo desorganiza a economia e gera desespero entre os cidadãos que procuram emprego. A aprovação do projeto só piora o cenário. “O PSDB vai votar contra”, ressaltou.
Benefícios reduzidos – O PL do Executivo reduz o benefício fiscal de desoneração da folha de pagamentos concedido a 56 segmentos econômicos. A medida altera alíquota de 1% de contribuição previdenciária sobre a receita bruta, aplicada principalmente para setores da indústria, para 2,5%. Já a alíquota para empresas de serviços, como do setor hoteleiro ou de tecnologia da informação (TI), subirá de 2% para 4,5%.
(Reportagem: Elisa Tecles/ Foto: Alexssandro Loyola/ Áudio: Hélio Ricardo)
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