Acúmulo de funções


Tucanos alertam para conflito de interesses no comando da Sete Brasil

Os deputados do PSDB que participaram de audiência pública na CPI da Petrobras com o ex-presidente do Conselho de Administrativo da Sete Brasil Newton Carneiro da Cunha afirmaram que havia conflito de interesses no comando e na criação da empresa. Cunha acumulava os cargos de Alex Ferreira Câmara dos Deputadospresidente do Conselho da empresa e de diretor executivo do fundo de previdência Petros, dos funcionários da Petrobras, um dos investidores da Sete Brasil.

“Como é possível a Petrobras conciliar ao mesmo tempo os interesses de acionista e cliente da Sete Brasil? É uma situação que pode gerar um conflito de interesse”, questionou o deputado Bruno Covas (SP). Cunha alegou que não havia conflito, mas não convenceu. “Há conflito de interesses sim”, reagiu o deputado Izalci (DF).

Investigar os fundos de pensão – Para o tucano, desde 2003 os fundos de pensão sofreram influencia política exagerada. Segundo ele, os investimentos feitos por esses fundos aconteceram por determinação do governo, causando tremendo prejuízo ao país. Izalci cobrou que a Câmara abra uma CPI exclusiva para investigar irregularidades nos fundos de pensão, pois “estão mexendo com o futuro das pessoas”. “Estamos assistindo que esses fundos têm gerenciado mal seus investimentos com ações podres”.

No âmbito da CPI da Petrobras, o deputado do Distrito Federal avalia que é preciso convocar diretores dos fundos de pensão citados na Operação Lava Jato para que esclareçam os fatos. “O esquema montado nos fundos de pensão é semelhante ao que foi montado pela quadrilha na Petrobras. O governo define os gestores e os investimentos que devem ser feitos sem sequer ouvir os representantes dos trabalhadores. Os resultados são negativos causando prejuízos aos trabalhadores”, alertou.

Durante a oitiva na CPI, Cunha alegou que a auditoria contratada pela Sete Brasil não detectou indícios de corrupção nos contratos entre a empresa e a Petrobras. Segundo o ex-gerente de Serviços da petroleira Pedro Barusco, os estaleiros contratados pela Sete Brasil para construir sondas de perfuração pagaram propina de 1% sobre os contratos, dividida entre o ex-tesoureiro do PT João Vaccari Neto e o restante para ele e outros dois diretores da empresa, inclusive João Carlos de Medeiros Ferraz – ex-presidente da Sete que compareceu à CPI nesta terça-feira, mas permaneceu em silêncio.

Para o deputado Delegado Waldir (GO), além do acúmulo de funções de Cunha na Sete Brasil e na Petros, causa estranheza o fato de ele ter sido o maior doador para a campanha à reeleição da presidente Dilma. “O senhor foi o maior dador da campanha de Dilma, fisicamente. É algo em torno de 25% de seu salário. É pouco comum isso. Sua esposa não brigou?”, perguntou o tucano em tom de ironia. Waldir chegou a questionar ainda se ele teria feito a doação como forma de retribuir algo. Ele negou e disse que apenas “acreditou em um projeto”.

O depoente foi filiado ao PT até o ano passado e pediu desfiliação no mesmo período em que a Operação lava Jato, da Polícia Federal, apontou as irregularidades nos contratos entre a Sete Brasil e a Petrobras. Ele negou que a desfiliação tenha sido motivada por isso e afirmou que bancos credores vão injetar novos recursos na Sete, o que irá ajudar na recuperação a empresa. Devido os desdobramentos da Lava Jato, a Sete tem enfrentado uma grave crise financeira.

 (Reportagem: Djan Moreno/ Foto: Alex Ferreira / Câmara dos Deputados)

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16 junho, 2015 Últimas notícias Sem commentários »

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