Governo federal penaliza jovens, por Antonio Carlos Mendes Thame


Milhares de estudantes vêm enfrentando grandes dificuldades para acessar o site do FIES. É uma covardia, porque anteriormente, os estudantes faziam pelo Fies as inscrições de forma permanente e agora não mais. Pairam muitas dúvidas sobre a forma de funcionamento e a continuidade do Fies, deixando sem orientação os estudantes que já estão no programa, os novos e também instituições de ensino superior.

A presidente Dilma Rousseff, durante sua campanha, disse, em diversos debates, que parte essencial de seu segundo mandato seria dedicada ao aumento do repasse orçamentário e dos programas relacionados à educação. Ao contrário, a presidente baixou decreto cortando mais de R$ 7 bilhões do orçamento do Ministério da Educação. Um duro golpe para aqueles que sonham com acesso ao ensino e não possuem condições financeiras para arcar com seus estudos.

O Brasil vive uma terrível contradição: sobram vagas, mas falta mão de obra qualificada no mercado de trabalho. Segundo o Sistema Nacional de Emprego (SINE), vagas são oferecidas, mas não são preenchidas por não haver candidatos com o mínimo de qualificação exigida, ou seja, há candidatos, mas sem escolaridade, sem preparo técnico ou experiência.

Enquanto isso, dados da Síntese de Indicadores Sociais do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE) dão conta de que um em cada cinco jovens brasileiros entre 15 e 29 anos (20,3%) não estudava nem trabalhava em 2013: é a “geração nem nem”. São quase 10 milhões de jovens no Brasil. O estudo revela ainda que na faixa etária entre 18 a 24 anos a situação é ainda pior: 24% dos jovens não estão nas escolas nem no mercado de trabalho.

Com esses dados, podemos constatar que existe uma parcela considerável de jovens que se constituem em presas fáceis do tráfico de drogas ou do crime organizado. Estamos falando de quase 10 milhões de jovens. É inadmissível, é uma perversidade que o governo deixe esses jovens abandonados, sem opção. Este é um desafio, uma luta que precisa ser abraçada por todos os governantes.

O estudo do IBGE revela que, mais do que nunca, o Brasil precisa investir em educação.

É preciso lembrar que o FIES é um financiamento oferecido aos jovens de baixa renda, um estímulo à capacitação profissional dos mais carentes, passaporte para viabilizar o término de nível superior. Hoje apenas 17% dos jovens na faixa etária entre 18 e 23 anos estão cursando uma faculdade.

O Brasil todo espera que o governo esclareça de fato as novas regras do FIES. O governo precisa vir a público dar uma satisfação aos milhares de estudantes que veem no programa a porta de entrada para um futuro promissor.

(*) Antonio Carlos Mendes Thame é professor (licenciado) do Departamento de Economia da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz, deputado federal (PSDB/SP) e presidente do capítulo brasileiro da Organização Global de Parlamentares contra a Corrupção (GOPAC).

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27 abril, 2015 Artigosblog Sem commentários »

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