Instituição sob suspeita


Contradições sobre financiamentos secretos aumentam importância da CPI do BNDES

16892433910_09af177fcd_zDepois que a oposição protocolou na Câmara requerimento pedindo a instalação de CPI para investigar o BNDES, começou a circular nas redes sociais vídeo (assista abaixo) no qual a presidente Dilma é desmentida pelo presidente do banco sobre financiamento promovido pela instituição. Enquanto ela dizia, na campanha, que a entidade não emprestou dinheiro ao governo de Cuba, Luciano Coutinho afirmou, durante audiência no Senado, que houve aporte de recursos para a ilha caribenha. Deputados do PSDB avaliam que o fato de a presidente da República ter mentido sobre uma operação feita em sigilo é apenas mais um dos motivos para que se investigue o banco.

A fala de Dilma ocorreu durante debate realizado pela TV Bandeirantes na campanha eleitoral. Em resposta ao senador Aécio Neves (MG), que havia questionado sobre o financiamento da obra de construção do porto de Mariel na ilha dos irmãos Castro, a petista declarou: “O financiamento não foi à Cuba, por que não pode ser feito à Cuba. O financiamento só pode ser feito a empresas brasileiras” . A verdade, porém, veio à tona quando Coutinho foi indagado sobre o mesmo caso pelo senador Tasso Jeiressati (CE) em audiência realizada na última terça-feira (17). O executivo respondeu que o dinheiro foi para Cuba.

De acordo com o requerimento da CPI, em junho de 2012, um mês após a entrada em vigor da Lei de Acesso à Informação, o então ministro Fernando Pimentel (Desenvolvimento) tornou secretos os documentos que tratam de financiamentos do Brasil aos governos de Cuba e de Angola. Com a decisão, o conteúdo dos papéis só poderá ser conhecido a partir de 2027. O BNDES desembolsou, somente em 2012, US$ 875 milhões em operações de financiamento à exportação de bens e serviços de empresas brasileiras para os dois países.

“A CPI do BNDES só vai mostrar mais escândalos escondidos atrás de sigilos que não fazem sentido, pois se trata de um banco de desenvolvimento nacional. Será a oportunidade de saber porque vários contratos foram feitos de forma sigilosa e o que estava por trás deles”, alerta o deputado Caio Narcio (MG).

Além da contradição entre as declarações de Dilma e de Luciano Coutinho sobre o financiamento do porto em Cuba, o deputado afirma que a ida do presidente à CPI da Petrobras na quinta-feira (16) deixou ainda mais suspeitas no ar. “O petrolão, perto do BNDES, pode parecer fichinha. O que temos visto é que em todos os lugares do governo a corrupção tomou conta de forma endêmica, incontrolável”, alerta o mineiro, ao destacar que Dilma não tem condições de combater irregularidades, já que foi ela quem criou o ambiente favorável a isso nomeando as pessoas que cometerem atos ilícitos.

8658367999_521ab2a736_zO deputado Nilson Pinto (PA) avalia que a investigação sobre o banco de desenvolvimento é “importantíssima”, sobretudo porque os recursos que o BNDES opera são do povo brasileiro. “É fundamental analisar os malfeitos com esses recursos da população”. Na avaliação do tucano, ficará ainda mais evidenciado que a corrupção instalada no governo federal, durante os últimos 12 anos, forma uma rede sistêmica e que atinge praticamente todos os órgãos.

O parlamentar ressalta que a fala do presidente do BNDES desmentindo o que disse a presidente da República na campanha mostra mais uma mentira que se soma a tantas outras ditas por Dilma, o que pode levá-la, inclusive, a perder o cargo. “Todas essas mentiras compõem um quadro tenebroso de estelionato eleitoral. Elas são suficientes para tirar o mandato da presidente conquistado nas urnas, pois houve fraude e mentira. A população tem clareza e quer o impeachment”, alerta o deputado.

Assista:

(Reportagem: Djan Moreno/ Fotos: Alexssandro Loyola/ Áudio: Hélio Ricardo)

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17 abril, 2015 Últimas notícias Sem commentários »

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