Anão diplomático


Em audiência com chanceler, tucanos cobram explicações sobre fragilidade da diplomacia brasileira

REL

Ministro ouve questionamentos do deputado Delegado Waldir, um dos autores do pedido para realização da audiência pública. Tucano criticou a humilhação imposta ao embaixador da Indonésia.

As comissões de Relações Exteriores, Fiscalização Financeira e Segurança Pública realizaram, nesta quarta-feira (15), audiência pública conjunta para ouvir o ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, a pedido de deputados como Delegado Waldir (GO) e Vanderlei Macris (SP). Os tucanos cobraram explicações sobre temas como a penúria financeira do Itamaraty, a relação do Brasil com a Indonésia e o calote brasileiro à Organização dos Estados Americanos, ao mesmo tempo em que o governo transfere R$ 16,2 milhões à União das Nações Latino-Americanas (Unasul).

Em sua fala, Waldir criticou a postura da presidente Dilma por ter humilhado e negado credenciais ao embaixador da Indonésia no Brasil para que se tornasse oficialmente representante de sua nação no país. O tucano condenou ainda a aproximação com o presidente da Bolívia, Evo Morales, que, segundo ele, é um “plantador de coca” e chefe de um dos países que mais traficam drogas para o Brasil. “Será que teremos que construir aqui uma muralha da China para separar o Brasil desses países ou o governo federal fará alguma coisa?”, questionou.

O ministro saiu em defesa da presidente Dilma e disse que, diante dos acontecimentos o Brasil não poderia deixar de se rebelar contra a Indonésia. Sobre a Bolívia, o chanceler disse que há um grande empenho para discutir com outras nações a questão das drogas e afirmou que o país vizinho é um importante parceiro. Mas Waldir rebateu a fala do ministro. “Ficou muito claro que nós estamos fazendo uma troca com a Bolívia. Eles mandam gás para nós e, em contrapartida, nós aceitamos a morte dos nossos jovens aqui. Então nós vamos ficar de braços cruzados porque precisamos de gás”. Segundo o deputado, mais de 30 mil jovens morrem por causa das drogas que entram pelas fronteiras.

Macris questionou o ministro sobre o “calote” que o Brasil está dando na OEA, causando um “desvio das relações mais próximas com a Organização”. O parlamentar lembrou que apenas um dólar foi depositado. O tucano cobrou ainda explicações sobre a ligação do governo com a Venezuela diante da “deterioração dos princípios democráticos que ocorrem naquele país” e do “caos econômico” por ele enfrentado.

Segundo o ministro, todos os países possuem algum problema de pagamento, mas nunca deixam de pagar e o Itamaraty, em conjunto com o Ministério do Planejamento, está avaliando e priorizando as dívidas. Para o chanceler, a falta da quitação dos débitos não é para tentar diminuir força da OEA em favor da Unasul, até porque o país não é o único com débito com perante a entidade. Em relação à Venezuela, Mauro Vieira explicou que o Brasil participa de uma comissão da Unasul que tenta estabelecer um dialogo entre o governo e a oposição para encontrar uma solução.

Já o deputado Eduardo Barbosa (MG) questionou o chanceler sobre o orçamento do Itamaraty, que vem, nos últimos anos, agravando as situações mais básicas e fundamentais da pasta. Segundo o parlamentar, outra questão importante é que o Brasil  se calou diante da violação de direitos humanos na Venezuela, assim como absteve-se diante de situação semelhante no Irã. Barbosa questionou a posição do Itamaraty sobre a criação do Conselho Nacional de Política Externa, que daria à população a possibilidade de participar mais do debate.

O deputado Luiz Carlos Hauly (PR) lamentou a crise econômica que tem interferido no redirecionamento da diplomacia brasileira. O tucano destacou que atualmente o Brasil vive o déficit da balança comercial e questionou sobre o acordo firmado entre a Argentina e a China, “dilacerando”, assim ,o Mercosul. “O Brasil perdeu 35% na exportação para a Argentina”, apontou. De acordo com o ministro, os acordos são recentes e, por isso, não deu tempo de causar impactos sobre o país.

(Reportagem: Thábata Manhiça/ Foto: Gabriela Korossy – Câmara dos Deputados)

Compartilhe:
15 abril, 2015 Últimas notícias Sem commentários »

Deixe uma resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *