Problemas em série


Lula deixará como herança um “nó de difícil solução”, diz Serra em visita ao Congresso

O presidente Lula está deixando para sua sucessora vários problemas que custarão muito caro ao país. O alerta foi feito pelo ex-governador de São Paulo José Serra após deixar a Liderança do PSDB no Senado, onde esteve nesta quarta-feira (24) para uma visita de cortesia a deputados e senadores do partido. “A próxima gestão receberá uma herança muito problemática”, criticou. Na avaliação do tucano, ao invés de buscar soluções responsáveis para o que classificou de um “nó de difícil solução”, o petista prefere fazer campanha antecipada com vistas à eleição de 2014.

De acordo com Serra, são várias as bombas que “saltam do armário” na reta final do governo Lula. Na lista da herança maldita para Dilma, destacou, em especial, o quadro adverso da economia.  “Vemos a inflação em crescimento, uma taxa de câmbio super valorizada que está desindustrializando o país e castigando o produtor doméstico, além da queda da atividade econômica, especialmente no setor industrial”, enumerou. Além disso, o candidato do PSDB à Presidência em 2010 alertou para a maquiagem no déficit público e para o maior rombo no balanço de pagamentos da história brasileira.

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Serra também chamou a atenção para “projetos megalomaníacos sem nenhum cabimento”, a exemplo do trem-bala que pretende ligar Campinas ao Rio de Janeiro. “Essa é a obra mais cara desde Itaipu e não será financiada pelo capital privado. Querem que seja feita com dinheiro público. É um empreendimento não prioritário e não levará cargas, mas apenas passageiros. Inexiste demanda para isso. Portanto, é prejuízo certo”, avaliou.

Na saúde, menos leitos e tentativa de ressuscitar a CPMF. Na educação, novo vexame no Enem

Outros problemas também ocorrem em áreas estratégicas para o país. Na saúde, o tucano lembrou que mais de 11 mil leitos para internação foram desativados  de 2005 a 2009, segundo levantamento do IBGE divulgado recentemente. “Isso significa que o Brasil caiu abaixo da média recomendada pela OMS no que se refere a leitos por habitantes”, avaliou o ex-ministro da Saúde.

Ainda segundo ele, eventual recriação da CPMF não traria aumento de recursos para estados e municípios aplicarem no setor. “Essa história de que vai repartir os recursos entre os entes federativos é conversa.  Podem até recriar a CPMF, mas o governo vai tirar com a outra mão por meio da diminuição das transferências  não obrigatórias”, avisou. Na educação, Serra vê uma gestão “desorientada” e que conseguiu, mais uma vez, desmoralizar o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem).

Questionado por jornalistas, Serra rebateu a acusação de Lula de que o tucano deve desculpas à sociedade por causa de episódio ocorrido no Rio de Janeiro durante a campanha. O petista voltou a afirmar hoje que o então candidato “inventou a agressão” por ter sido atacado, segundo o presidente, por uma bolinha de papel. ” Se tem alguém que precisa pedir desculpas é ele. Foi outro objeto que me atingiu e isso está filmado.  Lula sabe disso. Acontece que ele não perde o costume. Talvez já tenha começado sua campanha para 2014 e dizendo mentiras”, condenou.

Para Serra, a postura de Lula é pouco apropriada para um presidente, mas parece que o petista não dá muita importância para isso. “Veja quantas vezes ele foi condenado pelo TSE. É um homem que em vez de dar à população mostras de correção, de austeridade, de virtudes, dá exemplos poucos recomendáveis”, reprovou.

Perguntado sobre seu futuro, o tucano afirmou que jamais deixará de ter atuação política,  algo que faz desde os 20 anos. “Não precisa estar no governo ou no Legislativo para isso”, comentou. Ex-deputado e ex-senador, disse que aproveitou a vinda a Brasília para “matar saudades”. “Tem tempo que não vinha aqui”, explicou no salão azul do Senado. Além dos tucanos, parlamentares de outras legendas, como os senadores Marco Maciel (DEM-PE), Jarbas Vasconcellos (DEM-PE) e José Agripino Maia (DEM-RN), também estiveram na Liderança do PSDB. (Reportagem: Marcos Côrtes e Thaís Antonelli/ Fotos: Eduardo Lacerda/Áudio: Elyvio Blower)

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24 novembro, 2010 Últimas notícias 5 Commentários »

5 respostas para “Problemas em série”

  1. Jorge Pegolo disse:

    José Serra tem razao em suas afirmativas. Outros politicos, jornalistas, filosofos etc…etc… tambem fazem estas afirmações. Queremos mudar para melhor ” queremos consertar o mundo”, somos incorrigivelmente ” estadistas”. Recebo do povo, principalmente dos despolitizados, incultos, nao qualificados profissionalmente, dependentes da assistencia estatal, a mensagem direta que querem comida de graça,atendidmento de saude, esduação, transportess, moradia etc… de primeiro mundo sem o menor esforço. O lula sinaliza com isto. O governo tucano, FHC na Republica, Governadores nos Estados, fizeram e fazem a coisa certa : organizaram a administração, criaram os mecanismos de controle, austeridade fiscal e controle de caixa, implementaram obras de relevancia e que beneficia a todos. Nossos adversarios trataram e tratam tudo isto com desdem, minizando os efeitos positivos e muitas mudando a sigla do projeto ou programa e fazendo o crer ser deles. Queremos mudar o ” mundo”. Comecemos por nós. Vamos mudar nossa forma de agir, de fazer politica, de falar com o povo. Estou me preparando para 2012. Creio que fatos previsiveis poderao ter desfecho contrário aos interesses politicos dos nossos oponentes. Fatos imprevisiveis poderao ocrrer. Temos que estar atentos e o PSDB dos níveis superiores tem que dar a voz de comando, intruçoes de como agir em bloco. Nosso partido esta precisando de uma depuração.

  2. O problema desse país é a mania de desvirtuar as coisas e esconder do público as besteiras que seus governantes fizeram. Para isso o levante no Rio de Janeiro serve bem ao prpósito de desviar a atenção e comover a população. Parece coisa mandada, só para inibir a população. O Brasil de Serra seria melhor, mas o povo não está nem aí para o que é justo se, por afinidades sindicais e políticas se consegue roubar e fazer a vítimar pagar o pato. O problema do quadro adverso da economia não é problema da população. O povo, não eu, elegeu uma pessoa que diz ser capaz de contornar tudo isso, então, não é para ficarmos rotulando nos meios de comunicação e espalhando pânico. A Dilma que se vire!

  3. diego ferreira disse:

    Concordo com você Jorge, o nosso partido está precisando de uma depuração mesmo.
    FHC saiu como a pecha de um dos presidentes mais impopulares, porque? Porque ele tomou medidas que não agradavam o povo, mas que precisavam ser tomadas. FHC fez um governo de coragem que nenhum presidente jamais fez.
    O povo e o atual governo são ingratos, mas a história não.

  4. Renato Reis disse:

    Concordo integralmente com as opiniões doe José Serra. Mas sabendo dos desafios que o futuro coloca para o PSDB, o partido deve se empenhar para divulgar em todo o país as ações implementadas na administração do estado de São Paulo, certamente a maior vitrine do modo de governar tucano. Essa preocupação deve ser estendida aos outros estado, para que esse conjunto de ações sirvam como sustentáculo ao discurso de oposição ao modo de governar do partido que detém hoje o poder.

  5. Antônio Carlos de Araújo disse:

    Enquanto não fizermos um programa global, de carácter nacional, para ataque às mazelas e à falta de de estrutura na EDUCAÇÃO BRASILEIRA, seremos sempre uma nação em desenvolvimento, cuja principal sustentação econômica será sempre o extrativismo e exportação de nossos recursos naturais. Hoje a carteira de produtos de exportação do Brasil é sustentada basicamente por comercialização de comodities, que são as matérias primas extraídas da natureza como minerais, madeiras – na maioria de extração ilegal, carnes, agricultura – soja principalmente e alguns produtos de valor agregado como os automóveis.

    Sabem porque isto ocorre? Porque o Brasil não investe na educação e no aprimoramento da mão de obra. EDUCAÇÃO em nosso país é sempre tratado de forma desrespeitosa nos palanques políticos a cada 4 anos.

    Desta forma vendemos matérias primas para os mercados desenvolvido da Europa, America do Norte e Asia, que inclusive usam alguns dos gênios brasileiros, que também são exportados como matéria prima, para agregar valor aos produtos que vedemos pra lá, e desta forma geramos empregos de qualidade lá, pra em seguida, comprarmos este produtos.

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