Descontrole
Aumento de juros para controlar alta da inflação é remédio amargo para a população
Deputados tucanos criticaram nesta quinta-feira (16) o aumento dos juros para controlar o crescimento da inflação. Na opinião dos parlamentares, o governo da presidente Dilma Rousseff perdeu o controle da economia. Nesta semana, o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central elevou a taxa básica de juros, a Selic, de 10% para 10,5%. É a maior taxa desde janeiro de 2012, quando saiu de 11% para 10,5%, que vigorou até março.
Para o deputado Luiz Carlos Hauly (PR), a política fiscal do governo do PT, responsável pela condução dos gastos públicos, está minando as contas do Brasil. Ao invés de investir em educação e saúde, o Palácio do Planalto destina os recursos para custear a pesada e inchada máquina federal.
“Lamentavelmente, o governo do PT não fez a tarefa de casa: não realizou as reformas estruturantes necessárias, nem fez o ajuste fiscal. Agora a população brasileira paga a conta”, condenou. “O Brasil ter a maior taxa de juros do mundo é algo inadmissível, inaceitável. O resultado mostra a fraqueza e a debilidade deste governo”, completou.
A alta dos juros é a sétima consecutiva, desde abril passado, e ocorre em meio às pressões pelo nível da inflação acima do esperado. Em 2013, o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), indicador oficial, acumulou alta de 5,91%, acima do esperado e do valor registrado no ano anterior, minando a possibilidade de redução da Selic.
O tucano Eduardo Azeredo (MG) afirma que a presidente mentiu à população sobre a situação da economia. A alta dos juros, segundo ele, impede o investimento em áreas essenciais para o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB), como infraestrutura. “O gasto do governo com os juros é muito mais elevado. Dessa forma, o dinheiro que poderia ser usado para duplicar estrada, para investir no transporte urbano, acaba não sendo aplicado porque tem que pagar mais juros. Além disso, encarece todo o consumo”, lamentou.
O deputado Sérgio Guerra (PE) acredita que o governo está batendo cabeça. “A inflação está descontrolada e o governo não sabe tomar as medidas corretas para conter o problema. Então acaba recorrendo aos procedimentos de sempre. O aumento dos juros é até compreensível diante do panorama atual, mas não podemos negar que é um componente que emperra a economia”, disse.
Hauly acredita que haverá mais alta da inflação neste ano. Segundo especialistas, em 2014 a pressão será maior sobre os chamados “preços administrados” (ônibus interestaduais, energia elétrica, água, planos de saúde e telefonia, entre outros), visto que em 2013 houve crescimento menor com a retenção de alguns reajustes – como as tarifas de ônibus.
A nova escalada da Selic desmonta o discurso de Dilma no início do governo, quando ela usou a queda dos juros como um trunfo político. Com o resultado desta semana, a petista caminha para encerrar o mandato com taxas iguais ou semelhantes às que herdou do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Lula fechou 2010 com juros de 10,75%, já então insuficientes para domar a inflação, de 5,91% naquele ano – o mesmo IPCA do ano passado.
Os deputados destacam que, ao final de uma gestão de surpresas e inovações teóricas do Banco Central e do Ministério da Fazenda, o panorama da política monetária da presidente desenvolvimentista volta ao ponto de partida, sem nenhum avanço capaz de mudar um cenário aparente de caos.
Já a alta da inflação teve destaque internacional. A revista britânica “The Economist” disse que o ano não começou bem para a presidente Dilma com o anúncio de que os preços tiveram sua maior alta em dezembro nos últimos 10 anos. A revista ainda cita a desvalorização do real, a queda na venda de carros e a maior fuga de dólares do país desde 2002 como outros argumentos para essa conclusão.
(Reportagem: Gabriel Garcia / Foto: Alexssandro Loyola/ Áudio: Hélio Ricardo)
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