Sem energia, só o atraso, por Antonio Imbassahy


No começo deste ano, mais precisamente no dia 23 de janeiro, a presidente Dilma Rousseff, já com o pé no palanque e o olho em outubro de 2014, ocupou a cadeia de rádio e tevê para anunciar redução nas tarifas de 7727150808_4052d30a8b_benergia elétrica. Uma proposta possível e bem recebida por todos mas que, lamentavelmente, se mostrou inócua devido a incompetência da sua implementação. Resultou num rombo nas finanças das companhias elétricas, agora ressarcido via Tesouro Nacional. Ou seja, o próprio consumidor que teve a conta de luz reduzida, está bancando o prejuízo. Também, nos últimos meses, a ANEEL vem concedendo reajustes e recomposições tarifarias, anulando a anunciada redução. Enfim, trocaram seis por meia dúzia.

Na mesma ocasião, perante a nação, a presidente-candidata prometeu colocar em operação, ainda em 2013, novas usinas geradoras e linhas de transmissão, que aumentariam em mais de 7% a produção de energia do país, e dobraria nos próximos 15 anos a nossa capacidade instalada. Estamos em novembro e, dados do próprio governo mostram a concretização de apenas 30% do prometido. É mais um caso do divórcio entre a realidade e a enganação promovida pelo marketing oficial.

Esses atrasos se espalham, prejudicando o país, e afastando investidores. Também significam mais usinas térmicas poluindo, queimando óleo e dinheiro. As hidrelétricas projetadas e em construção não têm prazo confiável para início de produção.
É estarrecedor o caso, por exemplo, das centrais eólicas instaladas na região da Serra Geral, no sudoeste baiano, há mais de ano e até agora sem acender uma lamparina sequer. Isso porque a Chesf não implantou, conjuntamente, a linha de transmissão para escoar a energia produzida, lesando os cofres públicos em mais de R$ 600 milhões. E o rombo só faz crescer, afinal, a Chesf é obrigada a pagar R$ 33 milhões por mês de multa contratual ao grupo investidor das eólicas, enquanto o complexo das centrais fica abandonado no sertão. Mais grave, não há punição aos companheiros responsáveis por tais erros, apenas omissão e descalabro.

O apagão que parou o Nordeste por mais de quatro horas, em agosto, provocado, segundo o ministro das Minas e Energia, Edison Lobão, por uma simples coivara numa caatinga do Piauí, deixou sequelas significativas aqui: atingiu em cheio o Polo de Camaçari, suspendendo as operações nas fábricas e fazendo despencar em 8,6% a produção industrial do estado. Outros apagões menores ou iguais se repetem, e, são, cada dia mais prováveis diante das parcas chuvas, que tornam a seca inclemente no Nordeste, com os reservatórios das barragens em níveis preocupantes.

Os investidores falam de riscos, incertezas e recuam diante da apatia de um governo que transformou o país em um canteiro de obras inacabadas, esquecendo-se de que a infraestrutura de energia é crucial para o desenvolvimento. Tanto assim que, algumas indústrias tem optado por um sistema próprio de geração de energia, descrendo das linhas de transmissão oriundas de promessas oficiais, que não chegam.

Fato é que, devido a inércia desse governo petista, aboletado em palanque eleitoral, a produtividade brasileira cresceu apenas 1,8 % na última década, atrás de México, Chile, Peru, Coréia do Sul e Turquia, para citar alguns. Somos apenas o 56º país mais competitivo do mundo e nossa situação piora; caímos 30 posições desde 2010, sobretudo pela baixa qualidade de nossa infraestrutura, e a desaceleração de investimentos no setor de energia tem peso significativo nessas perdas. Arrastando-se a pibinhos’, o Brasil precisa voltar a crescer antes que o trem do desenvolvimento se distancie, comprometendo até a consolidação dos avanços e das conquistas sociais efetivadas nos últimos 20 anos.

Estagnamos muito em função dos chamados gargalos da nossa infraestrutura e pelo descrédito nessa administração do PT, que gasta fortunas em propaganda e marketing, tentando se perpetuar no poder. Mas as ruas deram um recado importante em junho passado e as urnas falarão de mudanças em 2014.

*Antonio Imbassahy é deputado federal pelo PSDB e líder da oposição no Congresso

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8 novembro, 2013 Artigosblog Sem commentários »

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