Novo chanceler fala à comissão de Relações Exteriores, atendendo a convite de Aécio
“As condições de vida dos brasileiros dependem hoje diretamente das relações externas que formos capazes de manter, seja para ter mais vacinas ou para gerar os empregos que precisamos. Sem a cooperação internacional para oferta de vacinas e medicamentos e sem os acordos comerciais não há esperança de melhoria para o Brasil”, afirmou o deputado Aécio Neves, ao abrir a audiência realizada na Comissão de Relações Exteriores e de Defesa Nacional da Câmara, nessa quarta-feira (28/04), com o novo chanceler Carlos França.
Como presidente da comissão, Aécio convidou o ministro a debater na Casa as ações previstas pelo Itamaraty para estreitar o relacionamento do país com o mundo, em especial com os parceiros estratégicos na área comercial e no enfrentamento da pandemia.
O deputado e ex-governador de Minas Gerais destacou a expectativa da sociedade e do Congresso Nacional sobre ações concretas por parte do governo que permitam ampliar o diálogo com o mundo e, por consequência, o acesso dos brasileiros a vacinas, insumos e medicamentos, e, da mesma forma, em avanços nas relações comerciais com mercados importantes na União Europeia, EUA, China e no Mercosul.
“Durante quatro horas, falamos ao novo chanceler, Carlos França, sobre os desafios da boa política externa, que deve ser buscada obstinadamente. Concordamos que uma política orientada pelo pragmatismo e sem qualquer viés ideológico é o caminho a ser percorrido, seguindo o que a tradição da nossa diplomacia já praticava décadas atrás, e que, infelizmente, se perdeu. Vamos confiar que esse resgate seja feito frente à gravidade da tragédia que enfrentamos”, afirmou Aécio.
Sustentabilidade da produção brasileira
Na audiência, o deputado destacou que as metas anunciadas pelo presidente Jair Bolsonaro na reunião da Cúpula do Clima, com 40 países, semana passada, foram bem recebidas e precisam agora resultar em medidas concretas.
Aécio alertou que delas dependem o retorno de investimentos ao país e a garantia de mercado externo para os produtores brasileiros na indústria e no agronegócio.
“Acompanhamos de perto a participação do Brasil na Cúpula do Clima. Na semana que vem, a partir de 3 de maio, tem início a primeira das três reuniões preparatórias para a COP-15 da Biodiversidade, que será realizada em outubro, na China. O principal documento em negociação é o Marco Global para a Biodiversidade pós-2020, com metas para a conservação e uso sustentável da biodiversidade. O Brasil abriga 22% das espécies do planeta, possui 66% de seu território com floresta nativa e é, ao mesmo tempo, o maior exportador líquido de alimentos do mundo. A nossa inserção na economia do século XXI passa por essa qualidade de ser uma potência agropecuária e também ambiental. A COP-15 é, portanto, central na estratégia de assegurar a sustentabilidade da produção brasileira”, afirmou.
E acrescentou: “O desmatamento é igualmente fonte de preocupação para a ratificação do acordo Mercosul com a União Europeia, razão das novas medidas de rastreabilidade completa sendo implementadas na União Europeia e no Reino Unido”.
A audiência atendeu a requerimento do presidente da comissão. O novo chanceler considerou necessário o debate permanente com o Legislativo e explicou aos deputados os contatos recentes mantidos pelo Itamaraty no enfrentamento da pandemia. Ele destacou o diretor-geral da OMS, o secretário-geral da ONU e a nova diretora da OMC.
“Na economia, o Brasil tem buscado o diálogo com o BRICS, o G-20 e o Mercosul. Neste contexto, o Itamaraty também reforçou o diálogo bilateral com os EUA, China, Israel, Índia, Rússia, Espanha e Reino Unido”, afirmou Carlos França.
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