Parlamentar mineiro critica descaso da Vale e fragilidade das barragens


O deputado Paulo Abi-Ackel (MG) criticou a fragilidade das barragens existentes no Brasil e a falta de cuidado com os funcionários que trabalham em área de risco. Em entrevista à TV Câmara, ele se disse perplexo com o drama vivido pelas famílias e mais ainda com o descaso da Vale com os servidores, em Brumadinho (MG).

Segundo o tucano, há muitas questões que poderiam ter sido evitadas, como por exemplo, a existência de um refeitório na base da barragem. “Isso é absolutamente incompreensível”, disse, criticando ainda o fato das sirenes não terem tocado em tempo hábil e a falta de um plano de evacuação do restaurante.

O deputado mineiro acompanha com tristeza e indignação os desdobramentos do rompimento da barragem da mineradora Vale. A lama de rejeitos de minério de ferro atingiu parte do centro administrativo da empresa, a comunidade Córrego do Feijão e o rio Paraopeba, afluente do rio São Francisco. O número de vítimas está em constante atualização (até o momento, são 84 mortos e 276 desaparecidos).

O rompimento da barragem deixa o estado de Minas e o Brasil em alerta. De acordo com o inventário técnico da Fundação Estadual do Meio Ambiente, há pelo menos 400 barragens de rejeitos no estado, sendo que quase 10% precisam ser monitoradas de perto devido aos perigos de ruptura, com efeitos graves para o meio ambiente e núcleos humanos.

Em janeiro, a Fundação já apontava a existência de 50 barragens sem garantia de estabilidade, nem todas de rejeitos, mas entre elas, a barragem de Queias, em Brumadinho. A estrutura da barragem que se rompeu em Brumadinho incluía uma área de 27 hectares, 87 metros de altura e não recebia rejeitos desde 2015. Ela teve a estabilidade atestada pelo auditor em agosto de 2018.

Paulo Abi-Ackel, no entanto, vê a ocorrência de falhas nas vistorias técnicas que, segundo a Vale, comprovariam a segurança das barragens. O deputado já anunciou a intenção de alterar o Código de Mineração para exigir o uso de tecnologias modernas de compactação e até de reciclagem de rejeitos minerais.

“Existem tecnologias que podem compactar o rejeito derivado da mineração de forma sólida, até mesmo formando blocos, diminuindo muito o risco de catástrofe. Por que uma mineradora do tamanho da Vale e por que o Brasil não está usando tecnologias mais modernas para a guarda desse rejeito?”, questiona o parlamentar.

O tucano centrou as críticas na Vale, que, juntamente com a mineradora Samarco, era a responsável pela barragem que rompeu em novembro de 2015, deixando 19 mortos e graves impactos socioambientais em Mariana e no rio Doce. “É insuportável a não reparação completa dos danos ocorridos com o rompimento da Barragem do Fundão, em Mariana e em toda a extensão do Rio Doce até hoje. O país não aceitará a repetição desse episódio. Estamos diante de um problema gravíssimo e de solução urgente.”

(Ana Maria Mejia/ Foto: Alexssandro Loyola)

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30 janeiro, 2019 Últimas notícias Sem commentários »

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