Juventude ociosa sofre com falta de oportunidades desde a infância, alerta Pedro Cunha Lima


O deputado Pedro Cunha Lima (PB) participou de debate promovido pelo programa Expressão Nacional, da TV Câmara, sobre a juventude ociosa e defendeu medidas para combater as desigualdades e promover oportunidades desde o início da vida. De acordo com a Pesquisa Millennials, do Ipea, 23% dos jovens brasileiros não trabalham e nem estudam. O levantamento foi realizado em nove países da América Latina e Caribe.

O país ainda vive o chamado bônus demográfico, que é quando há mais pessoas em condições de trabalhar do que aposentados. Apenas na faixa dos 15 aos 24 anos, são 33 milhões de jovens no país.

Para o deputado, o problema tem origem na falta de oportunidade, que começa na primeira infância. Os municípios são sobrecarregados em relação aos cuidados com as crianças pequenas. Sem recursos, essas crianças têm as oportunidades negadas no início da vida e o desenvolvimento não acontece na fase mais sensível. Ao chegar na juventude, essas pessoas têm enorme dificuldade de vencer esse déficit.

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“Precisamos começar a colocar a criança na creche, combater as desigualdades. Antes de pensarmos em dar uma oportunidade para o jovem quando ele completa 15 anos, precisamos entender que há uma deficiência grande na estrutura básica, que falta investimento social”, apontou Pedro Cunha Lima.

De acordo com o IBGE, o número de moças que não trabalham e nem estudam é quase três vezes maior que o número de rapazes. Para o tucano, esse é mais um reflexo de uma cultura de desigualdades, que inclusive se refere a gênero.

Na avaliação do deputado, é preciso que o Parlamento encare esse tipo de problema e trabalhe por políticas públicas que ataquem a questão. Ainda de acordo com o deputado, os profissionais da educação precisam ser valorizados.

“Não vamos conseguir distribuir oportunidades sem valorizar os professores, que são pilares para uma nação”, aponta.

Durante o programa, o diretor-geral do Senai, Rafael Luchesi, afirmou que os problemas enfrentados pelos jovens serão ainda maiores para os idosos. Ele defendeu a atenção com a primeira infância e a mudança nos currículos escolares.

A diretora-ajunta de Estudos e Políticas Sociais do Ipea, Enid Rocha, destacou a necessidade dos avanços em qualidade para a educação. Apesar da universalização do ensino, ela lembra que os alunos brasileiros têm desempenho abaixo do ideal em áreas básicas de disciplinas como matemática, por exemplo. Na América Latina, 62% dos jovens têm bom nível de conhecimentos básicos de cálculos. No Brasil, apenas 46%.

Os debatedores ainda comentaram a mudança do termo “nem nem”, que se refere aos jovens que nem estudam e nem trabalham, para o uso da expressão “sem-sem”, em referência a quem está sem emprego e sem estudar.

Para Cunha Lima, a mudança é interessante, pois deixa de abordar a perspectiva de que essas pessoas não querem e mostra o que de fato elas são: pessoas sem oportunidades.

(Djan Moreno/ Foto: Cleia Viana/Câmara dos Deputados/ Áudio: Hélio Ricardo)

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17 dezembro, 2018 Banner, Últimas notícias Sem commentários »

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