Projeto de tucano vai ao encontro dos anseios de consumidores por mudança nos rótulos dos alimentos
A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) consolidou os resultados preliminares de uma consulta pública sobre rotulagem nutricional de alimentos. Para 88% dos participantes, as atuais informações contidas nas embalagens não ajudam a identificar facilmente o valor nutricional. No Congresso, parlamentares do PSDB como o deputado Vanderlei Macris (SP) são autores de projetos sobre o tema que visam exatamente dar informações mais claras aos consumidores.
De acordo com a agência reguladora, mais de 33 mil contribuições foram recebidas durante a consulta aberta ao público. As sugestões foram enviadas por um total de 3.579 participantes, com destaque para os consumidores, que representaram 63% desse total. 91% entendem que a forma de apresentação das informações nutricionais deveria ser alterada.
“A Câmara e a Anvisa se preocupam muito com a qualidade do produto consumido pelo cidadão. Em mais de 70 países do mundo já existem uma forma objetiva de identificar mais rapidamente se o produto tem uma quantidade excessiva de algo e que possa criar uma dificuldade para a vida do cidadão”, alerta Macris.
Em maio, a autarquia aprovou relatório preliminar para que alimentos e bebidas passem a ser vendidos com rótulos de advertência para altos teores de gordura, açúcar e sal. A iniciativa é defendida por Macris, autor de projeto de lei que visa obrigar a indústria alimentícia a sinalizar de maneira clara os altos teores desses componentes.
A Anvisa continuará com o processo de análise das contribuições enviadas por meio da consulta pública. Elas ajudarão a definir, por exemplo, de que forma as informações deverão estar presentes nos rótulos e dará subsídios para a decisão regulatória sobre o tema.
Há várias propostas em debate no país, a exemplo da que propõe a inclusão de um selo de advertência na parte da frente da embalagem de alimentos processados e ultraprocessados, como sopas instantâneas, refrigerantes e biscoitos, para indicar quando há excesso dos nutrientes como açúcar, sódio e gorduras totais e saturadas.
Em análise na Comissão de Desenvolvimento Econômico, Indústria, Comércio e Serviços da Câmara, o projeto de lei do deputado do PSDB também busca pretende deixar claro para o consumidor que determinado produto tem elevados níveis de açúcar, gordura e sódio, mas com o chamado alerta semafórico, ou seja, com as mesmas cores usadas no sinal de trânsito. “O que é isso? É ter, para cada item, o verde, o amarelo e o vermelho no rótulo do produto para mostrar, em sinais de alerta, se aquele produto pode fazer mal à saúde”, explica o deputado.
Este modelo foi apontado por 65% dos entrevistados pelo Ibope como o mais claro e didático para entender as informações nutricionais. Além disso, 64% consideram que o semáforo nutricional cumpre os requisitos para auxiliar escolhas mais nutritivas e saudáveis.
Ainda segundo Macris, essa informação na parte frontal dos produtos é importante para que o consumidor saiba o que efetivamente está comprando e opte, ainda na gôndola, pela compra ou não do produto.
No Senado, o também tucano Paulo Bauer (PSDB-SC) apresentou projeto de lei no intuito de tornar obrigatória a advertência sobre o alto teor de sódio. O PLS 392/2018 determina que os alimentos deverão então conter em suas embalagens ou rótulos, “de forma destacada e em caracteres legíveis”, a indicação “alto teor de sódio”. A própria autoridade sanitária deverá regulamentar os aspectos gráficos do aviso, como tamanho, cor, localização e área.
Os resultados preliminares da Tomada Pública de Subsídios realizada pela Anvisa podem ser conferidos no site da agência.
(reportagem: Djan Moreno/foto: Alexssandro Loyola/ Áudio: Hélio Ricardo)
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