Municípios brasileiros não estão preparados para receber tantos imigrantes, avalia Rocha
O cenário de tensão na região fronteiriça em Roraima segue provocando episódios de violência, a exemplo do assassinato, por espancamento, de um venezuelano acusado de matar um brasileiro com uma facada. O caso ocorrido na noite de quinta-feira (6) teria como motivo um suposto furto num bairro próximo ao abrigo improvisado com mais de 300 venezuelanos. Em 18 de agosto, o episódio ocorrido no município de Pacaraima (RR), que faz fronteira com a Venezuela, também mostrou como a situação é delicada: naquele dia, cerca de 2 mil moradores queimaram e destruíram barracas e pertences de imigrantes após um comerciante brasileiro ter sido assaltado por um cidadãos do país vizinho.
Para o deputado Rocha (AC), a situação se agrava pela falta de estrutura adequada de atendimento aos milhares de imigrantes que entram no Brasil, principalmente por Pacaraima, o principal ponto de chegada para refugiados por apresentar uma fronteira seca. Dali, muitos seguem para a capital de Roraima, Boa Vista. “O Acre já viveu essa situação quando da chegada dos haitianos”, lembrou Rocha. Ele ressalta que o maior problema é a falta de estrutura dos municípios para receber tantos imigrantes. “E ocorre uma sobrecarga nos serviços de saúde e em toda a estrutura do estado. E, infelizmente quem padece é a população”, alertou.
Além da sobrecarga dos serviços básicos, a Prefeitura de Pacaraima não consegue prover o necessário a uma população majoritariamente desempregada, ou inserida no mercado informal, e pouco instruída.
Mesmo com o clima tenso, o deputado Rocha avalia que antes de fechar a fronteira, conforme defendido pelo governo roraimense, é preciso dar suporte para que o Estado possa fazer frente a esse contingente de pessoas que se deslocaram para o Brasil. “Infelizmente o governo federal se omite e aí os governos estaduais não tem estrutura pra acolher essas pessoas que vem em busca de um lugar melhor”, opinou. A cidade de Pacaraima tinha 10 mil habitantes em 2010, segundo o IBGE. Hoje, a demanda pelos serviços municipais chega a ter que atender um volume de pessoas cinco vezes maior do que sua população. Estima-se que 30 mil venezuelanos estejam morando em Roraima.
Rocha é crítico à forma como o governo federal tem fiscalizado as fronteiras. Para ele, a verificação deveria ser mais rigorosa. A imigração foi intensificada a partir de 2016, após uma série de protestos pedindo a saída do presidente Nicolás Maduro do poder. No ano anterior, a oposição ao regime chavista havia conquistado maioria no Legislativo – que, posteriormente, teve seu poder restrito pelo Tribunal Superior de Justiça, aliado ao presidente. Hoje, o país vive uma crise econômica sem precedentes.
(reportagem: Ana Maria Mejia/foto: Alexssandro Loyola)
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